São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 1996
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Corretora vê falha no Real

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A deterioração da balança comercial brasileira, que acumula déficit de cerca de US$ 900 milhões em 96, acendeu as luzes de advertência na rota do Plano Real, segundo a Salomon Brothers, renomada instituição financeira dos EUA.
Em seu último relatório confidencial sobre a economia brasileira, a corretora estima que o real está atualmente sobrevalorizado entre 14% e 18%.
Isso seria um sinal de que a valorização do real, embora não ameace imediatamente o plano, será incapaz de continuar seu papel de instrumento de política econômica.
Assim, diz o relatório, o recurso isolado à política monetária (juros altos e restrições ao crédito) como principal arma contra a inflação está esgotado e precisa ser substituído por uma rígida política fiscal.
"Os responsáveis têm de eliminar as crescentes distorções e os efeitos perversos criados pela combinação de política monetária rígida com política fiscal frouxa", diz o estudo, coordenado pelo economista Lawrence Goodman.
O relatório diz que a maior distorção do plano é o aumento da dívida interna pública.
Falando à Folha, Goodman disse que o que mais preocupa os "brasilianistas" é o vencimento relativamente curto dos papéis federais, principalmente se aumentarem simultaneamente o crescimento e as importações e não houver o ajuste fiscal necessário.
A corretora avalia que a redução da necessidade de financiamento do governo é fundamental, pois o déficit público só pode ser enfrentado com expansão da base monetária, causando inflação, ou com lançamento de títulos, agravando o desequilíbrio fiscal.
Para a Salomon Brothers, o governo tem de acelerar o ritmo das reformas constitucionais e as privatizações.
Segundo o relatório, o PIB deve crescer 2,5% em 96. "O desejo do governo de estimular a atividade econômica continuará a conflitar com o balanço de pagamentos."
A inflação é estimada em 13% em 96 e em 11,5% em 97. Pelo estudo, a tendência de queda será mantida como resultado de uma atitude mais agressiva para reforma fiscal em 97.

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