São Paulo, domingo, 15 de setembro de 1996 |
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Sem-terra fazem nova invasão no Pontal
DA AGÊNCIA FOLHA, NO PONTAL DO PARANAPANEMA Um grupo de sem-terra invadiu às 7h de ontem uma área da fazenda Rancho Grande pertencente ao pecuarista Otávio Eduardo Ferreira, em Euclides da Cunha, na região do Pontal do Paranapanema.Segundo o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), cerca de 700 pessoas participaram da invasão, organizada pelo líder dos sem-terra no Pontal, José Rainha Jr. O coordenador nacional do MST, Gilmar Mauro, afirmou que a invasão é uma "resposta aos fazendeiros". "Se eles pensam que temos medo da UDR e de seus capangas, estão enganados. A UDR é uma unanimidade nacional em matéria de rejeição. A sociedade considera que a UDR representa tudo o que é atrasado neste país", afirmou o coordenador nacional do movimento. Originalmente, a UDR surgiu em maio de 1985, por iniciativa de fazendeiros goianos, para combater o plano de reforma agrária anunciado pelo governo José Sarney (1985-90). Novas estratégias Gilmar Mauro foi de São Paulo ontem para participar da invasão da fazenda e definir com Rainha "novas estratégias" do MST no Pontal para os próximos dias. No início da tarde de ontem, somente 50 sem-terra permaneciam no interior da fazenda invadida. O MST construiu 20 barracos de lona plástica nessa propriedade para acampamento. Laércio Barbosa, da coordenação estadual do MST, disse que a maioria dos sem-terra que participou da invasão preferiu ficar no acampamento montado no lado de fora da propriedade, às margens da rodovia Arlindo Betio, que liga Teodoro Sampaio a Euclides da Cunha. Lauro afirmou que os sem-terra deverão levar à área, provavelmente hoje de manhã, tratores para preparar a terra para iniciar o plantio. Manifestação No final da manhã de ontem o MST realizou no acampamento Santa Rita, em frente à fazenda Santa Rita, em Mirante do Paranapanema, uma manifestação pela reforma agrária com uma missa campal. Segundo Felinto Procópio, o Mineirinho, coordenador do acampamento, mil pessoas participaram do ato. A concentração dos sem-terra aconteceu no mesmo instante que 300 fazendeiros participavam de um churrasco, organizado pelo pecuarista Marcelo Negrão, na se de da fazenda Santa Rita, a cerca de mil metros do local. Negrão é um dos responsáveis pelo relançamento da UDR na região. O churrasco aconteceu logo após a reunião dos fazendeiros, durante a qual foi anunciada a volta da UDR. Polícia Militar A Polícia Militar permaneceu em frente ao acampamento e à fazenda para evitar confrontos entre sem-terra e fazendeiros. Para o coordenador nacional do MST, a "festa" dos fazendeiros não muda a estratégia dos sem-terra no Pontal. "Isso demonstra ainda mais que os fazendeiros estão se fartando de comidas, enquanto milhares de pessoas passam fome na beira da estrada", afirmou Gilmar Mauro. Segundo o movimento dos sem-terra, existem dez mil sem-terra na região do Pontal do Paranapanema à espera de assentamentos pela reforma agrária. Texto Anterior: Especialista prega reforma agrária radical Próximo Texto: Nova UDR diz que não quer 'radicalizar' Índice |
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