São Paulo, domingo, 15 de setembro de 1996 |
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Patrícia vendeu arma para comprar droga
AURELIANO BIANCARELLI
Patrícia cursa o 2º ano do colégio, é filha de um gerente industrial, a família tem dois carros, casa própria, telefone e uma chácara. Tem cabelos pretos e longos, é bonita e bem-humorada. Diz que nunca participou de roubos nem se envolveu com a polícia. "A pistola era para dar segurança. Quando você usa drogas, vê fantasmas por todo lado. Acha que tem polícia e matador atrás de você, tem medo até de formiguinha." O dinheiro para o crack e a cocaína ela sempre conseguiu em casa mesmo. Vendia os passes escolares comprados pela mãe e ia a pé para a escola. Vendeu sua próprias roupas, e tanto fez que o banco bloqueou o talão de cheques de suas duas contas. "Roubei o cartão da minha mãe, foi uma bolada." Patrícia diz que começou a usar drogas com 14 anos. "Maconha, farinha, crack; injetei algumas vezes." Na escola, ela cheirava nos banheiros e "pipava" crack atrás do laboratório, depois de pular um muro de três metros. A família só ficou sabendo cinco meses atrás, quando teve uma ameaça de overdose no portão da escola. "Me levaram para a casa e contaram ao meu pai. Aí todo mundo passou a me dar força, minha família, professores, meu namorado. Estou batalhando para passar de ano. Nunca repeti na escola." Há dois meses ela participa do grupo de adolescentes do Proad, programa de prevenção às drogas ligado à Universidade Federal de SP. Texto Anterior: Proibição gera violência Próximo Texto: Carlos diz não ter vontade de deixar vício Índice |
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