São Paulo, domingo, 15 de setembro de 1996
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Emissoras não pretendem pagar mais

MARIANA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

As emissoras que transmitem futebol não aceitam a possibilidade de pagar mais pelos direitos de transmissão do Brasileiro.
"Essa discussão existe todo o ano. A TV está ajudando o futebol. Os clubes começaram a perder dinheiro com a renda, então correm atrás da televisão", diz Eduardo Lafon, 48, diretor de operações e programação da Rede Record.
Para Guilherme Zattar, 36, diretor do Sportv, da Globosat, os valores pagos pelas emissoras são "consideráveis". "A realidade brasileira não suporta pagar mais."
Segundo os diretores, não é possível comparar os valores nacionais com os da Europa.
"Aqui é o Brasil e é isso que os dirigentes precisam entender. Não dá para comparar laranja com banana", diz Juca Silveira, 41, diretor de esportes da Rede Bandeirantes.
"Os dirigentes dizem que a TV paga pouco pelos direitos, mas não levam em consideração as condições. Não se pode comparar Brasil e Europa. Lá a tabela é fechada com muito tempo de antecedência. Na hora que tiver um calendário de verdade, uma programação com antecedência, tudo bem. Só podem cobrar mais se oferecerem um bom produto", afirma José Trajano, 49, diretor da ESPN Brasil, da TVA.
"Agora o canal tem de ficar com um caminhão na estrada, pronto para tocar para qualquer lugar."
Paradoxalmente, a TV aposta nos jogos para elevar sua audiência. "Futebol dá credibilidade, faturamento e é a maior audiência da programação, é o espetáculo da massa", diz Luciano Callegari Jr., 35, diretor de eventos do SBT.
"O jogo tem prioridade. Vale a pena investir em futebol. Podemos tirar um programa por causa dele", diz Silveira, da Bandeirantes.
"Eventos esportivos são um bom filão. Futebol é bom negócio porque é a paixão do brasileiro. Ele está sempre derrubando um programa", afirma Lafond.
Na TV paga é igual. "Futebol é nosso 'driver' de vendas, é fator estratégico de sucesso. Geralmente transmitimos um jogo por rodada, quando tem dois bons jogos abrimos espaço no canal GNT aos domingos. Derrubamos a programação do canal, o futebol fala mais alto", diz Zattar.

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