São Paulo, domingo, 15 de setembro de 1996
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Com Viola, Palmeiras não vai ter tempo ruim

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Ficou no ar uma expectativa irrealizada. A começar pelo uniforme dos paulistas -desculpem, mas não abro mão das 13 listras e calções e meias negras, com as barras em vermelho e branco. Segue pelo clima: que me perdoem os irmãos do bravo interior paulista, mas lugar de um autêntico paulistas e cariocas, como o de quinta-feira passada, é mesmo no Pacaembu ou no Maracanã. E termina nos ilustres desfalques de ambas as equipes, sobretudo a do Rio, que não pôde contar, entre outros, com suas duas mais cintilantes estrelas -Bebeto e Sávio.
Tá bom: foi um espetáculo interessante, um jogo disputado "ma non troppo", o que acabou provocando uma chuva de gols. E é aqui que essa partida me parece emblemática, encerrando no seu interior um claro discurso sobre o momento do futebol brasileiro: os craques estão por aí, multiplicando-se a cada leva de emigrantes. Vai-se um Giovanni, surge um Djalminha, e assim por diante, num movimento ondular sem fim.
Vai o Palmeiras, alia-se à Parmalat, e parte para a luta permanente de manter um timaço à altura de suas ambições. Lá no Rio, o Flamengo faz das tripas coração para criar atrações dignas de uma economia de Primeiro Mundo. Mas, quando chega na hora do vamovê, Palmeiras e Flamengo, Vasco e São Paulo, Botafogo e Corinthians, Fluminense e Santos, todos são triturados por um calendário irracional, elaborado por mera politiquice (incluindo-se os dirigentes desses mesmos clubes, num gesto claramente suicida).
Na hora de montar uma seleção paulista, carioca ou brasileira, lá vai o técnico catando migalhas para armar um arremedo de time que poderia ser um timaço mas nunca é, deixando no ar essa expectativa irrealizada.
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Palmas para o presidente Farah, que só leva vaia por aqui (não sem razão): a barreira é uma excrescência da regra do jogo que deve ser banida de vez, e ele jura que irá acabar com essa velha história no próximo Campeonato Paulista. Tô esperando pra ver.
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A propósito, no seu "Esporte Real", mestre Armando Nogueira me coloca no lugar de Joseph Blatter e pergunta o que faria nesse jogo mágico. Resposta: sete faltas coletivas, pênalti.
Palmas pra mim. Obrigado, mas juro que preferia aplaudir o presidente Farah, se ele dobrasse a Fifa nesse item. Além de palmas, levaria a palma.
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Um primor a matéria desta Folha sobre as questões táticas que tiram o sono de Zagallo. Nosso velho Lobo dos campos revela que pode acabar com seu já famoso número um.
Aqui entre nós, pra mim, esse número é menos um problema científico e mais uma ficção. O buraco está mais atrás, na sequência dos números 3, 4 e 5. É sobre o posicionamento dos zagueiros e do cabeça-de-área que Zagallo deveria debruçar suas dúvidas.
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Viola está chegando, segundo a maioria, no Parque errado. Pra mim, é o homem certo, no lugar certo. Com ele, Luizão e Djalminha, não vai ter tempo ruim, creiam. A não ser para os adversários.

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