São Paulo, domingo, 15 de setembro de 1996
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Muçulmanos denunciam irregularidades

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Partido de Ação Democrática, SDA (muçulmano), pediu a anulação das eleições que acontecem na Bósnia, disse Mohamed Sacirbey, representante bósnio nas Nações Unidas e membro do partido.
"O partido considera os resultados das eleições em territórios controlados pelos sérvios legalmente nulos", afirmou. O Partido de Ação Democrática anunciou ainda que não reconhecerá o resultado final do pleito.
O presidente do SDA, Alija Izetbegovic, disse em carta para o Conselho de Segurança da ONU que várias irregularidades ocorreram durante a votação, impossibilitando uma eleição justa.
As primeiras pesquisas mostram que o comparecimento dos eleitores deve superar a marca de 60%, apesar da baixa presença de refugiados muçulmanos.
Os sérvios bloquearam ontem um dos acessos destinados à passagem de refugiados por território sob seu controle.
A votação começou ontem às 7h (2h em Brasília), e prosseguiria até as 22h. Segundo testemunhas, a maioria dos 4.600 postos de votação iniciou as atividades no horário previsto.
A previsão era de que mais de 2 milhões de pessoas votassem ontem. O resultado final deve ser conhecido em duas semanas.
Segundo um representante da OSCE (Organização para Segurança e Cooperação Européia), a polícia sérvia se recusou a abrir um acesso à área de Prijedor (noroeste da Bósnia).
Um porta-voz das forças da Otan também afirmou que policiais sérvios também estavam impedindo a entrada de refugiados a partir da Croácia para votar em Brcko, cidade controlada pelos sérvios.
Jeff Fischer, da OSCE, disse que nacionalistas croatas retiraram todos os seus fiscais eleitorais da cidade muçulmana de Bugojno depois que a residência do chefe do comitê eleitoral local, um croata, foi atacada com uma granada.
A organização da eleição está a cargo da OSCE. Cerca de 60 mil soldados da Otan (aliança militar ocidental) cuidavam ontem da segurança nos locais de votação.
Milhares de refugiados tiveram de cruzar antigas linhas de combate para votar em seus povoados de origem. Os locais são atualmente controlados por grupos étnicos rivais, o que aumenta a possibilidade de confrontos.
Sarajevo
Oito postos de votação ficaram fechados durante duas horas na capital, Sarajevo, por causa de tumultos. Apesar dos incidentes, a Otan considerava que a situação podia ser considerada calma.
Em Mostar (sul do país), três ônibus que transportavam eleitores muçulmanos foram apedrejados por croatas.
Reconciliação
A eleição de ontem é considerada um passo vital para a reconciliação entre as três principais etnias do país -muçulmanos, croatas e sérvios- após mais de três anos de guerra civil.
O presidente da Bósnia, Alija Izetbegovic, votou no centro de Sarajevo. Ele afirmou ter votado "por uma Bósnia em que todos rezarão da maneira que aprenderam com suas mães e onde ninguém será vítima de perseguição por religião, nacionalidade ou opinião política".

LEIA MAIS sobre eleição na Bósnia às págs. 18 e 19

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