São Paulo, domingo, 15 de setembro de 1996
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Políticos tentam 'usar' visita

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DE PARIS

A quinta passagem do papa João Paulo 2º pela França é uma das mais politizadas de suas 70 viagens ao exterior. O papa vai celebrar um personagem que é usado politicamente pela extrema direita como símbolo de uma França "pura", de raça ariana, guerreira.
É a identidade pregada pela Frente Nacional, do deputado Jean-Marie le Pen, por exemplo.
Para o cientista político Olivier Ihl, 31, a comemoração conjunta da conversão de Clóvis pelo Estado e pela Igreja é um ato político planejado. "Acredito que se trate de um cálculo político de Jacques Chirac, já pensando no segundo turno das eleições legislativas de 1998", disse à Folha.
A associação de Chirac ao papa e à imagem de um personagem usado pela extrema direita poderia angariar votos no segundo turno das eleições.
Hoje, o eleitorado da extrema direita na França oscila entre 15% e 20%. "O poder está com uma popularidade baixa e está inquieto com as eleições", afirma Ihl.
O objetivo do governo é impedir uma coabitação -Chirac teria de aceitar um primeiro-ministro socialista se a esquerda ganhe as eleições.
Para evitar a situação, o governo acena com diversas concessões à extrema direita: do endurecimento da aplicação das leis contra imigrantes à idéia de injetar uma dose de proporcionalidade no pleito -o que faria com que a Frente Nacional ganhasse assentos no Parlamento.
(LAR)

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