São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 1996
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Piratas controlam venda de fitas cassete no Brasil

ERIKA SALLUM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Só no ano passado, foram compradas cerca de 60 milhões de fitas ilegais, enquanto o mercado oficial vendeu 7 milhões de fitas.
Considerada hoje uma das principais causas da queda da produção de fitas -nos primeiros seis meses de 96, a indústria de cassetes caiu 36%-, a pirataria no país cresce de forma descontrolada e fatura, por ano, cerca de US$ 120 milhões.
"Duas semanas antes de lançarmos a trilha da novela 'Explode Coração', já havia cassetes piratas nas ruas", diz Vicente Peluzo, gerente de vendas da Som Livre.
Para saber por que o mercado pirata se expande tanto, basta comparar preços: no centro de São Paulo, a fita clandestina do mais recente álbum do Skank custa, em média, R$ 2. Nas lojas, esse valor vai para R$ 10.
"Baixar o preço é uma medida fundamental para combater a pirataria, mas é muito difícil convencer os artistas disso", afirma Manuel Camero, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD).
Preocupadas, as gravadoras criaram a APDIF no início deste ano. Equipes de investigação descobrem onde há laboratórios piratas e denunciam à polícia.
Além disso, a partir de janeiro de 97, a ABPD colocará, nas fitas e CDs, um selo de garantia para impedir que seus produtos sejam confundidos com piratas.
"Nossa maior preocupação é que essa prática não se estenda para o CD", diz Luis Oscar Niemeyer, presidente da gravadora BMG.
Nordeste
Os principais centros de pirataria do Brasil são Paraná, por causa da fronteira com o Paraguai, e São Paulo. Os dois Estados concentram a maior parte dos laboratórios clandestinos, mas o Nordeste é o grande consumidor.
Segundo o secretário-executivo da APDIF, Márcio Cunha Gonçalves, "nessa região quase não há fitas legais, devido às condições sociais da população".
Ele conta que já visitou uma cidade no interior do Pará que não possuía lojas de discos. Em compensação, havia cassetes piratas "de tudo quanto é tipo", diz.
Para reproduzirem as fitas, os fabricantes clandestinos usam uma máquina chamada "telex", com capacidade para gravar três cassetes a cada 90 segundos -ou cerca de 40 mil por mês.

Colaborou Marisa Adán Gil, da Reportagem Local

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