São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 1996
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Praça Vermelha une história e comércio

Nome vem de palavra russa para belo, principal

JAIME BÓRQUEZ
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A praça Vermelha é parte da história da humanidade e está em nossa mente antes de visitá-la.
Não há um bom filme de espionagem que não mostre esse simétrico espaço de 90.350 metros quadrados, com paralelepípedos impecavelmente alinhados.
Quem entra pela avenida Tverskaja tem uma visão de arrepiar. Nas costas, o Museu Histórico; à esquerda, o mercado Gum; à frente, a igreja de São Basílio; à direita, a muralha do Kremlin, a Torre Salvador e o Mausoléu de Lênin.
A perfeita iluminação noturna permite que moscovitas e turistas façam da praça um excelente lugar para passear.
Retratistas, fotógrafos e vendedores de suvenires dão movimento ao lugar.
O nome de praça Vermelha não tem nada a ver com a cor símbolo dos comunistas. É uma simples coincidência.
A palavra vermelha, no russo do século 17, era sinônimo de belo, melhor, principal. Antes disso, a praça se chamou Torg, do Mercado, do Incêndio e Troitskaia, ou da Trindade.
Nos arredores dela há passeios interessantes, basta decidir entre o comércio, os suvenires ou as paisagens urbanas.
Para os que preferem a primeira opção, o destino é o Gum, o antigo mercado, hoje remoçado e transformado em shopping center.
São três galerias cobertas, com três andares cada, onde se acha de tudo, desde um lanche rápido, até lojas de griffes famosas, como Saint Laurent, Galerias Lafayette ou Yves Rocher.
O Gum é a mostra mais fiel do consumismo que encanta e tortura os moscovitas.
Para uma visita completa, é bom reservar parte da tarde, assim dá tempo de sentar numa mesa na sacada, pedir uma "pivo", cerveja em russo, e ver a vida passar.
Vai perceber que a juventude anda na moda, bem capitalista é claro, mas ainda não pega o jeito.
Usam óculos Ray-Ban, Vuarnet e Armani, mas ninguém falou que, antes de usar, é bom tirar o selo colado na lente... Quem sabe seja sinal de status. Há muito de ingênuo na moçada russa, embora queiram se mostrar durões.
Kremlin
Kremlin significa fortaleza ou cidadela. Dentro dessa fortaleza amurada em forma de triângulo estão o Palácio, com mais de 700 salas, a Câmara Facetada e o Museu da Armaria, com mais de 4.000 armas. Muitas são verdadeiras jóias, cheias de pedras preciosas.
Na cidadela está o campanário de Ivan e, a seus pés, o Sino-Czarina, de 200 toneladas e seis metros de altura.
Ele nunca foi tocado, já que durante sua fabricação houve um incêndio e, ao se jogar nele água fria, trincou e perdeu um pedaço.
Os guias dizem que é o maior sino do mundo, e não é bom discutir com eles.
Há muito mais que ver no Kremlin, como o Arsenal, as igrejas da Anunciação, dos Apóstolos e de São Miguel Arcanjo.
Ícone
Na saída, visite o Mausoléu de Lênin. Quem sabe seja você a última pessoa a vê-lo antes que os russos o enterrem definitivamente.
Essa é uma idéia que se tem discutido bastante nos últimos tempos, dados os gastos que produz a manutenção do corpo mumificado. Outros dizem que Lênin é uma péssima lembrança.
A julgar pelos folhetos e livros turísticos, ninguém mais quer saber do outrora glorioso e adorado Vladimir. Nenhum deles faz menção ao título e menos ainda mostra alguma fotografia do mesmo.
Os guias turísticos fazem essa visita bastante corrida. Para ver tudo com mais atenção, compre um livro e volte mais tarde.
Há salões onde é proibido fotografar. É bom respeitar a ordem. Os guardas são muito severos com os espertinhos.

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