São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 1996
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PFL recua e barra a entrada de Miranda

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

GABRIELA WOLTHERS
O PFL recuou e decidiu barrar a entrada do senador Gilberto Miranda (PMDB-AM) no partido.
A cúpula pefelista chegou à conclusão de que o partido sofreria desgaste político com a filiação do senador depois da divulgação de notícias de que Miranda aderiria ao PFL para escapar da fiscalização da Receita Federal.
O veto à filiação foi decretado ontem, em reunião do vice-presidente Marco Maciel (PFL) com o presidente do partido, deputado José Jorge (PE), e Jorge Bornhausen, ex-presidente do PFL e atual embaixador em Portugal.
A decisão é pragmática: o secretário da Receita, Everardo Maciel, é ligado ao PFL e parente distante (primo em quarto grau) de Marco Maciel. Por isso, segundo os pefelistas, seria praticamente impossível desvincular o partido dos problemas de Miranda com a Receita.
Ele está sendo investigado pela Receita desde o início de 96. Os pefelistas têm informações não oficiais de que as empresas das quais o senador é acionista foram multadas em cerca de R$ 300 milhões.
A saída de Miranda, anunciada no dia 11, mas ainda não oficializada, traz reflexos diretos à disputa pela presidência do Congresso.
Com Miranda, o PMDB tem a maior bancada no Senado (24), o que lhe garante a indicação do presidente da Casa. O PFL vem em segundo lugar, com 22 senadores.
Ao anunciar sua saída, Miranda ameaçou levar também os senadores Ernandes Amorim (RO) e João França (RR). Sem os três senadores, o PMDB perde para o PFL a indicação do presidente da Casa.
ACM
O favorito do PFL para o cargo é o senador Antonio Carlos Magalhães (BA). Para a cúpula pefelista, o melhor cenário seria Miranda deixar o PMDB e filiar-se a qualquer outro partido, menos o PFL.
Assim, o PFL indicaria o presidente do Congresso e não teria desgaste com a filiação do senador. Resta saber se Miranda aceitará a situação. A Folha tentou, sem sucesso, localizá-lo ontem.
Miranda decidiu sair do PMDB após se reunir com ACM e o ministro Luiz Carlos Santos (PMDB), que almeja a presidência da Câmara. Na tentativa de não dasautorizar ACM, a cúpula pefelista diz agora que a reunião não passou de uma "conversa preliminar", na qual não foi fechado acordo.
A cúpula pefelista definiu o discurso oficial para barrar o senador. Dirá que articula a adesão do governador do Amazonas, Amazonino Mendes (PPB). Miranda só chegou ao Senado porque era suplente de Amazonino. Mas os pefelistas dizem agora que Mendes e o senador romperam e não aceitam integrar o mesmo partido -e o PFL teria optado por Mendes.

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