São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996
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Governo leiloa trecho da RFFSA

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), gestor do programa de privatização do governo, coloca em leilão hoje, às 14h, na Bolsa do Rio, a Malha Sudeste, principal trecho da Rede Ferroviária Federal.
O preço mínimo para a concessão do direito de explorar o transporte de cargas na ferrovia nos próximos 30 anos é de R$ 888,9 milhões.
Como apenas um consórcio se habilitou para o leilão, a venda será necessariamente pelo preço mínimo.
O consórcio que deverá ficar com a concessão da Malha Sudeste é o MRS Logística, formado por usuários dos seus 1.674 quilômetros de linhas, incluindo a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Usiminas, Cosipa e outros.
Investimento
Após a privatização, os empregados da rede terão direito a comprar 10% do capital da nova operadora da Malha Sudeste.
Vale
A Companhia Vale do Rio Doce, que participaria do consórcio MRS, informou oficialmente que desistiu do negócio porque concluiu "não ser viável a participação".
A empresa não explicou os motivos que a levaram a essa conclusão.
Segundo a Folha apurou, a direção da Vale concluiu que não seria um bom negócio para ela, que não é usuária do trecho, participar de um consórcio no qual todos os demais participantes são usuários.
A estatal concluiu que os usuários não têm interesse em cobrar fretes de mercado para o transporte das suas cargas, levando ao risco de a operação da Malha Sudeste não se tornar um negócio lucrativo.
A estatal chegou a condicionar sua participação ao direito de ela indicar o diretor comercial da nova operadora do trecho, exigência que não teria sido aceita pelos demais participantes do grupo.
Ação na Justiça
O deputado estadual Carlos Correa (PDT), do Rio, entrou com uma ação popular na Justiça Federal pedindo liminar para a suspensão do leilão.
O pedido foi distribuído para a 6ª Vara Federal do Rio e até as 19h40 não havia despacho judicial sobre ele.
Os sindicatos dos ferroviários do Rio, Juiz de Fora (MG) e de Conselheiro Lafaiete (MG), todos filiados à CUT, programaram uma manifestação, a partir das 12h, em frente à Bolsa do Rio.
Otoniel do Nascimento, diretor do sindicato do Rio, disse que "vai existir confronto, sem dúvida nenhuma".
Segundo ele, os manifestantes irão pressionar o cordão de isolamento policial solicitado pela Bolsa à Polícia Militar.
A PM deverá colocar 200 homens na segurança do leilão.

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