São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996
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Poucos apreciam o "natto", pegajoso e fedido

JUNKO HANNA
DO "WORLD MEDIA"

Existe a soja e existe a soja fermentada. Quem adora soja fermentada é adepto do "natto", mas quem não é prefere manter distância dessa leguminosa fibrosa e fedorenta.
O "natto" é um alimento comumente consumido no café da manhã no leste do Japão, mas raramente apreciado no resto do mundo.
Para produzir "natto", a soja é cozida ao vapor e fermentada com o bacilo do "natto". É essa fermentação que confere à soja o aroma peculiar de algo que apodreceu, além de sua textura pegajosa.
Todas as manhãs, enquanto os amantes do "natto" cumprem o ritual diário de abrir um pacote de 80 g de "natto" e misturar aos feijões ressecados um pouco de mostarda, um ovo cru, molho de soja e cebolinhas picadas, resultando numa massa pegajosa, outros membros da família podem estar sentindo mal-estar.
O costume é comer "natto" sobre uma tigela de arroz quente, cozido ao vapor. Não há crosta na qual afundar os dentes, nem caldo a saborear.
Mas a textura do "natto" é firme quando comparada à de outros pratos à base de feijão, como o feijão preto muito consumido no Brasil ou o feijão "pinto" frito que os mexicanos tanto apreciam.
A gama de produtos à base de "natto" que se pode encontrar nas prateleiras dos supermercados -desde soja cultivada organicamente até o "natto" à moda tradicional, embalado em palha- é um indicativo de que se trata de um dos elementos básicos da dieta japonesa.
Os benefícios do "natto" parecem superar seus aspectos desagradáveis, embora o cheiro seja tão forte que alguns fabricantes estão procurando maneiras de suavizá-lo. Além disso, o "natto" vem sendo alvo de estudos médicos que atestam suas qualidades nutritivas.

Tradução de Clara Allain

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