São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996
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Vizinhos ouviram dois rituais

DA AGÊNCIA FOLHA, EM GARANHUNS

Dois rituais religiosos foram celebrados na casa do "pai-de-santo" Fábio Cavalcante Haji após a morte da estudante Juceline Belarmina de Araújo, 8.
O primeiro deles teve início às 18h de domingo, poucas horas depois do assassinato da menina, e durou cerca de quatro horas. O segundo foi realizado no dia seguinte e acabou em duas horas.
Os rituais foram ouvidos por vizinhos de Haji, que descreveram os cultos como "uma bagunça que não deixava ninguém dormir". Segundo a estudante Gilvanete Leite, 18, vizinha do "terreiro", pessoas "urravam" na casa.
"Eles gritavam e batiam tambor o tempo todo", disse. A estudante não soube dizer quantas pessoas estiveram no local. Haji foi preso terça-feira, acusado de ser o mandante do crime.
Para Fernando Ubiratã de Andrade, 45, líder espiritual de candomblé há 30 anos em Garanhuns, Haji é "um charlatão".
Andrade o conhece há dez anos, numa época em que Haji era adepto do candomblé, e o iniciou nos rituais de origem africana.
Segundo ele, o ritual seguido por Haji não segue normas do candomblé ou da umbanda. De acordo com Andrade, nenhuma dessas religiões usa o sacrifício humano.
"O que ele fez foi criar uma nova linha, baseada, a meu ver, no culto ao demônio", afirmou Andrade, que proibiu Haji, há dois anos, de frequentar sua casa.

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