São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996 |
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Presidente francês tenta amenizar críticas ao papa
LUIZ ANTÔNIO RYFF
João Paulo 2º iniciou ontem sua quinta viagem à França. A visita dura quatro dias e tem como ponto alto a comemoração dos 1.500 anos de conversão do rei Clóvis ao cristianismo em Reims, no domingo. A visita causa grande polêmica sobre as relações entre a igreja e o Estado. Manifestações contra a visita estão previstas para domingo. Estorvo Ontem, os principais jornais estamparam em suas primeiras páginas o desconforto causado pela presença do papa. O "Libération", por exemplo, publicou uma foto do papa com a frase "Léncombrant visiteur" (algo como, o visitante que é um estorvo) como manchete. Ontem, poucas pessoas enfrentaram a chuva fina para acompanhar a chegada do papa em Tours. Rejeição Uma pesquisa publicada ontem pelo jornal "Le Parisien" revela que a imagem do papa na França se deteriorou nos últimos oito anos, data de sua última visita ao país. Em 1988, 26% desaprovavam "suas grandes orientações". Hoje, 51% dos franceses não concordam com elas. Apenas 25% dos franceses estão de acordo com o papa em questões morais e sexuais. Em 1988, eram 35%. Hoje, 22% dos franceses acham que João Paulo 2º é aberto ao mundo -contra 46% em 1988. Aids A última polêmica envolvendo a visita do papa é a recusa de um homem portador do vírus da Aids de se encontrar com João Paulo 2º. Jean-Marc Oyez, 33, mora em Tours, onde o papa se encontrará, no sábado, com "120 feridos da vida", na basílica de Saint-Martin. Oyez refusou o convite para ser um dos "feridos da vida" -pessoas que sofrem problemas graves. A justificativa dele, que é homossexual, foi a oposição da Igreja Católica ao uso de preservativo e às relações homossexuais. "O termo 'ferido da vida' me chocou profundamente. Não sou mais uma criança. Tenho o direito de ser homossexual e soropositivo. Eu sabia que meu companheiro tinha sido pego pelo vírus. Eu fui punido", afirmou. Oyez é católico praticante, mas não costuma ir à igreja. "Pratico em casa, sozinho, e isso me ajuda. É duro para nós, pois o mundo religioso nos aceita mal", afirmou. Texto Anterior: Bispo escocês que fugiu tem um filho de 15 Próximo Texto: Papa chega à França sem mostrar problema de saúde Índice |
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