São Paulo, sábado, 21 de setembro de 1996
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Em 92, Maluf condenava obra cara

ANDRÉ FONTENELLE
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Paulo Maluf cumpriu metade do plano de governo anunciado antes de sua eleição.
Avaliação de cem pontos contidos em livro da época da campanha mostra que 33 foram cumpridos, 32 foram cumpridos parcialmente e os demais não foram (veja quadro na pág. 3-6).
As "diretrizes", como são chamadas, foram publicadas no livro "Plano de Trabalho para São Paulo", assinado pelo prefeito e divulgado na campanha de 1992.
A Folha atribuiu uma pontuação a cada item: os cumpridos valeram um ponto; os parcialmente cumpridos, meio ponto e os que resta cumprir, zero. No final, Maluf marcou 49 pontos em 100.
Nesta avaliação, foram escolhidas 100 entre 200 diretrizes apresentadas no livro, dando-se preferência às mais quantificáveis, para obter um julgamento objetivo.
Procurou-se eliminar diretrizes vagas, como "atuar de modo a ter a administração municipal como gestora e desencadeadora de ações sociais deliberadas, buscando o equacionamento da problemática social, que afeta vários segmentos da população".
Apelo popular
Escolhidos os cem itens, os órgãos municipais responsáveis por cada diretriz foram procurados para comentá-los. "Ressalto que esse trabalho não é uma simples enunciação de temas vagos, de apelo popular", afirmava o então candidato Maluf no prefácio.
Consultado ontem sobre a avaliação, o prefeito disse que só se pronunciaria após a publicação da reportagem.
No texto de 1992, Maluf surpreende ao condenar as obras caras. "Não cabe mais, na realidade social brasileira, o costume de optar pela inauguração de novas e ca ras estruturas em vez de preservar o que já existe", escreveu o então candidato.
PAS e Cingapura
Os dois programas-vedetes da administração Maluf, o PAS (Plano de Atendimento à Saúde) e o Projeto Cingapura, não figuram no programa de campanha.
Em saúde, é citada a "implantação de um sistema gerencial competente (...) levando a uma otimização dos serviços existentes". A idéia do PAS, porém, só surgiu em 1994.
A sigla PAS, curiosamente, aparece nas diretrizes para o bem-estar social. Seriam Postos de Aten ção Social, que forneceriam à população da periferia serviços básicos como correios e telefonia.
A verticalização de favelas é vagamente citada na área de habitação, como "programas especiais para a população favelada" ou "construção de pequenos conjuntos habitacionais para a população de baixa renda".
Na área de trânsito, não é prevista a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança.
Críticas
O vereador Marcos Cintra (PL), à época da campanha apontado como um dos responsáveis pelo programa de Maluf, diz que não participou "diretamente" da elaboração do plano de governo.
Cintra, hoje candidato a vice-prefeito na chapa de Francisco Rossi (PDT), faz críticas aos resultados de Maluf em alguns setores. "Por exemplo, na área habitacional, que era um dos pontos fortes, não se conseguiu realizar a proposta, que era de 30 mil (apartamentos) por ano, razoavelmente oficiosa, porém absolutamente possível", avalia.
Na parte de obras viárias, Cintra acha que Maluf foi "muito além" do prometido, enquanto "na área social, saúde e educação, só no finalzinho se produziram coisas".

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