São Paulo, sábado, 21 de setembro de 1996
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Mensalidade sobe 4 vezes mais que inflação

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

As matrículas e mensalidades escolares aumentaram em São Paulo 32,36% de janeiro a agosto, contra 8,76% de inflação, mostra o IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
"Só a parte de educação contribuiu com 0,85% da inflação já apurada este ano", afirma Heron do Carmo, 46, que é coordenador do IPC-Fipe.
Anteontem, o Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo) decidiu em assembléia orientar as escolas particulares a reajustarem suas anuidades, de dezembro para janeiro, em no máximo 10%.
"Não há razão de o reajuste da anuidade passar este ano dos 10%", afirma o advogado do Sieeesp, Adib Salomão.
"Hoje, a escola tem que entender a capacidade de pagamento de sua clientela. Se aumentar demais, perde alunos e a mensalidade fica ainda mais cara", diz Salomão.
"Eu acho uma proposta de muito bom senso", diz o coordenador da Fipe. "É uma evidência de que mais um setor, a educação, se ajustou à nova realidade econômica."
"Se ficar em 10% mesmo, dá para justificar que se está repondo a inflação", afirma o presidente da Associação Intermunicipal de Pais e Alunos, Mauro Bueno, 42.
"O problema é que o sindicato orienta uma coisa, mas as escolas têm uma prática diferente."
"Se quiser aumentar, a escola tem que dizer em quais melhorias educacionais ela investiu", afirma a presidente da Associação Pais e Alunos do Estado de São Paulo, Hebe Tolosa. "10% para quem não investiu nada é muito alto."
O Sieeesp -que representa pré-escolas, 1º e 2º graus particulares- também orientou as escolas a não aceitarem matrículas de alunos inadimplentes.
"Decidimos não recorrer a qualquer punição pedagógica, como não deixar fazer provas, nem exigir fiador ou assinatura de notas promissórias", diz Salomão.
"Restou à escola não renovar a matrícula desses alunos inadimplentes. Mas os documentos serão entregues, e a dívida, cobrada judicialmente", afirma o advogado.
As associações de pais e alunos discordam da medida, mas temem que a Justiça possa ser favorável às escolas nesse caso.

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