São Paulo, sábado, 21 de setembro de 1996
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Flexibilização gera polêmica na Argentina

DANIEL BRAMATTI
DE BUENOS AIRES

A carta de intenções enviada ao FMI (Fundo Monetário Internacional) pelo governo argentino reabriu a polêmica sobre o fim das indenizações por demissão e sua substituição por uma espécie de fundo de garantia.
Na carta, o governo se compromete a substituir o atual sistema por um seguro-desemprego "baseado em contas de capitalização individuais financiadas mediante contribuições descontadas das remunerações".
Há duas semanas, o presidente Carlos Menem negou que a intenção do governo fosse fazer com que os próprios trabalhadores financiassem o fundo. Ontem, ele voltou a afirmar que o fundo será financiado com contribuições dos empresários.
A garantia verbal não tranquilizou os sindicalistas, que declararam guerra ao projeto de reforma da legislação trabalhista -em vez de "flexibilização", eles usam o termo "precarização".
"Menem diz um coisa para o público e outra para o FMI. Não sabemos em qual acreditar", disse Carlos West Ocampo, porta-voz da CGT (Confederação Geral do Trabalho).
Ocampo questionou a previsão do governo de que o índice de desemprego cairá para menos de 10% (está em 17,1%) com a flexibilização. "Nos últimos anos, os custos trabalhistas caíram bastante, e o número de empregos diminuiu", afirmou o porta-voz.
Pesquisa
O ex-ministro da Economia Domingo Cavallo também entrou no debate sobre a flexibilização. Em entrevista a uma emissora de TV, Cavallo disse que "foi um erro" não ter iniciado a reforma trabalhista há cinco anos, quando o governo contava com amplo apoio da opinião pública.
A falta de respaldo popular à reforma foi confirmada pelo Centro de Estudos União para a Nova Maioria. Uma pesquisa divulgada ontem demonstra que apenas 19,4% dos moradores de Buenos Aires vêem como "positiva" a flexibilização. A proposta tem imagem "negativa" para 49,8% e "regular" para 13,1%.

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