São Paulo, sábado, 21 de setembro de 1996 |
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Quando o governo confessa suas mentiras
ALOYSIO BIONDI A sociedade brasileira foi convencida pelo governo FHC de que o Banco do Brasil quebrou e precisou ser socorrido pelo Tesouro. Por isso, vale a pena ler alguns trechos da longa entrevista do diretor do Banco Central Gustavo Franco publicada há dois domingos (8 de setembro) na imprensa paulista.O objetivo da pergunta apresentada pela repórter era "provar" duas coisas: que o rombo e a dívida do Tesouro estão crescendo por causa do "socorro" aos bancos estatais; e que esse "socorro" estaria custando muito mais caro do que a "ajuda" ao Econômico, Nacional e outros bancos privados. Eis a resposta de Gustavo Franco: "Não foram injetados R$ 8 bilhões no BB... Os R$ 8 bilhões eram operações que o BB fez, em nome do Tesouro, no passado. Foi déficit público de muitos anos atrás, confinado e escondidinho no BB". E mais: "Tudo o que foi feito foi reconhecer a dívida do Tesouro com o BB... Ou seja, tiramos o esqueleto do armário sem prejudicar o déficit público". Quem reler esse trecho vai ver que o diretor do Banco Central está confirmando todas as análises publicadas por esta coluna na época em que a "operação de socorro" ao BB foi lançada espalhafatosamente: o Banco do Brasil não tinha e não tem rombo algum, pois o Tesouro lhe devia (e deve) muito mais do que os R$ 8 bilhões. O diretor Gustavo Franco, apontado como o assessor favorito do presidente FHC, confessa, assim, que a equipe econômica montou gigantesca manobra de desmoralização do BB, com objetivos que se completam: jogar a opinião pública contra os bancos estatais; justificar o socorro aos bancos privados; abrir caminho para a privatização dos bancos estaduais. Os formadores de opinião pretensamente "moderninhos" ajudaram a vender essa estratégia à opinião pública. A manobra contra o BB envolve três crimes: manipulação da informação, prejuízos para os negócios de um banco integrante do patrimônio coletivo e prejuízos para os acionistas do BB, Texto Anterior: Um povo à procura de uma elite Próximo Texto: Bolsa de NY recupera o fôlego Índice |
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