São Paulo, sábado, 21 de setembro de 1996
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No porão

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
SOÇOBRA A CARREIRA DE RUBENS BARRICHELLO NA F-1.

No Estoril, Portugal, as suas entrevistas beiram o melancólico. Em certo momento, lembrou que tem apenas 24 anos. E que muito deixou de lado para chegar onde está.
Fala de Indy sem certeza, se revolta, às vezes, com a falta de apoio dos barões da categoria, mistura otimismo com decepção. Em suma, seu discurso está em completo desequilíbrio.
Herdeiro forçado de Ayrton Senna, Barrichello se perdeu entre patrocinadores, promotores e empresários.
Sobreviver na F-1, hoje em dia, é tarefa para poucos. E dramas particulares já fazem parte do cotidiano.
Para citar os mais recentes: Montermini pilotou o carro-médico, aquele que larga atrás do grid, em Monza, há duas semanas. Virou piada.
Ontem, no Estoril, Lamy foi seco ao afirmar que não espera nada de seu carro e do futuro, se nele permanecer. Silenciou toda uma sala de imprensa.
Obviamente tais fatos pouco aparecem. Fazem parte do obscuro porão que toda competição tem, sem exceção.
O único problema é que há tempos isso não acontece com um brasileiro. Pior, antes existia um Piquet ou um Senna para preencher as manchetes e ofuscar as tragédias paralelas.
Há dois anos, Rubens Barrichello também assumiu um fardo parecido.
Segurou o rojão após a também dramática transferência de Christian Fittipaldi para os Estados Unidos.
Uma responsabilidade que pesou e determinou grande parte dos acontecimentos das últimas semanas.
Barrichello vai, a F-1 fica. Na verdade, nunca foi diferente.

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