São Paulo, sábado, 21 de setembro de 1996 |
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Marisa Monte encanta no Palace Seu som cresceu e ganhou negritude MARCELO RUBENS PAIVA
É o pássaro da fluidez. É uma torneira aberta. É a diva Marisa Monte, nos seus poucos 30 anos, quatro discos gravados -o mais recente, "Barulhinho Bom", CD duplo a ser lançado em 15 dias. Seu som cresceu, ganhou a negritude de Brown, a loucura de "Panis et Circenses" e o carnaval de muitos anos dos Novos Baianos. Sua banda é nova, arrojada. Seu vestido é meio indiano, espelha. Ela está bem, feliz, canta de corpo inteiro. Está, sobretudo, verde, amarelo e anil, isto é, Brasil. Marisa Monte canta samba, rock'n'roll, soul e até baião, meu irmão. Dê a ela um trash que ela respira fundo e não pensa duas vezes: canta redondo, cristalino, limpo. Sorte dela ter nascido brasileira e ter Luiz Gonzaga, Cartola, Arnaldo Baptista, Tim Maia, Candeia e Paulinho da Viola à disposição. Que sorte fazer boas amizades e parcerias com Nando Reis, Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Gilberto Gil, Ed Motta e Cassiano. A curiosidade dela nos faz relembrar os Novos Baianos. Vez ou outra seus ouvidos atravessam fronteiras, e ganhamos uma releitura de George Harrison, George e Ira Gershwin, Ogden Nash, Kurt Weill e Johnny Nash. Canta com bossa, alegria e inspiração. E, como ela bem diz, "tudo no Brasil termina em Jorge Ben Jor", e assim o show se foi. Marisa Monte é séria, sexy, é tímida, é um vulcão. Queremos ser parciários dessas qualidades, dar-lhe uma cantada, levá-la para casa e pedir que interprete, cantando, nossos momentos mais triviais. Estou triste, e ela canta "Speak Low". Acordei agora, e ela vem com "Balança Pema". Vamos sair, e ela, no elevador, cantarola "A Menina Dança". Como não podemos ter nada disso, compramos seus CDs e assistimos aos shows. Já é um consolo. Texto Anterior: SBT entra com ação contra Sônia Braga Próximo Texto: MP vai notificar Carlos Manga Índice |
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