São Paulo, sábado, 21 de setembro de 1996 |
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Emili Godes equilibra ciência e arte
CELSO FIORAVANTE
Godes trabalhou a luz com maestria exemplar, conseguindo assim retirar de um simples grão de arroz brilho, profundidade e contraste insólitos. Godes iniciou sua carreira fotográfica aos 15 anos, como assistente de um estúdio fotográfico. Logo tomou contato com as vanguardas artísticas da época (Arp, Braque, Picabia, Léger e Duchamp) por meio das mostras da galeria Dalmau. Em 1927, foi a Córdoba visitar um de seus irmãos e realizou um brilhante ensaio sobre a arquitetura, a paisagem e a vida social da cidade. Tornou-se um dos mais requisitados fotógrafos de publicidade nos anos 30, realizando trabalhos para laboratórios farmacêuticos. Na década seguinte, passou a trabalhar também no cinema, como assistente de diretores como Sáenz de Heredia e André Malraux. A influência cinematográfica vai se fazer sentir também em suas fotografias, no cuidado com a profundidade e composição de cena. Ao reunir um grande conhecimento técnico e um impacto realista, Godes conseguiu representar uma síntese bem-acabada de várias tendências da época, como a "nova objetividade" de Renger-Patzsch, a "nova visão" de Laszlo Moholy-Nagy e a "fotografia metafísica" de Herbert List. A mostra traz principalmente insetos, flores, legumes e cereais que -fotografados inteiros ou em detalhes- revelam um admirável e insuspeitado mundo novo. As pétalas de flores, por exemplo, formam intrincados labirintos; as asas de um inseto viram espelhos; a trama de um tecido forma um infinito e construtivo jogo ótico; minúsculos cáctus se tornam novas estruturas arquitetônicas, indecisas entre o gótico e o românico. Texto Anterior: Sex Pistols alteram datas no Brasil Próximo Texto: Cidade vê coleção de obras de Picasso e Klee Índice |
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