São Paulo, domingo, 22 de setembro de 1996
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Demissão acirra conflito no campo

DA REDAÇÃO

A questão agrária esteve em evidência e atingiu seu ponto mais alto com a demissão do superintendente do Incra em São Paulo, Miguel Abeche Neto.
O motivo foi a decisão de Abeche de negociar com líderes do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), contrariando orientação do ministro da Política Fundiária, Raul Jungmann.
Jungmann exige que o MST abdique da tática de invadir prédios públicos. Abeche vinha negociando uma trégua entre a coordenação do MST em São Paulo e fazendeiros da região do Pontal do Paranapanema, no oeste do Estado.
No sábado passado, 700 integrantes do MST invadiram a fazenda Rancho Grande, elevando a tensão na região.
Segundo a Folha apurou, o secretário da Justiça de São Paulo, Belisário dos Santos Júnior, participou da decisão. O governo de SP quer enquadrar o MST paulista ao seu programa de reforma agrária, iniciado no final do ano passado.
Abeche foi substituído por Jonas Villas-Bôas, diretor do Instituto de Terras do Estado de São Paulo e homem de confiança de Belisário.
Após a demissão, o MST anunciou a retomada das invasões de terra no Pontal do Paranapanema e o reinício de invasões de agências do Banco do Brasil na região.
"Quaisquer problemas que venham a ocorrer são de inteira responsabilidade do ministro Jungmann", afirmou Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST.
"A situação, que já é crítica hoje, tende a ficar mais grave", disse Roosevelt Roque dos Santos, presidente da nova UDR (União Democrática Ruralista).
Contra a nomeação de Villas-Bôas, servidores do Incra em São Paulo entraram em greve.
Nota do Ministério da Política Fundiária informou que ao governo paulista "compete a liderança das ações no Pontal do Paranapanema. É função do Incra auxiliá-lo e apoiá-lo."

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