São Paulo, domingo, 22 de setembro de 1996
Próximo Texto | Índice

Inadimplência na CEF alcança 40%

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

A Caixa Econômica Federal (CEF) está enfrentando uma inadimplência (atraso de pagamento superior a 60 dias) de 19,26% a 40,56%, dependendo do sistema, com média de 25% em toda a sua carteira de financiamentos à casa própria.
Ao mesmo tempo, entre 1,2 milhão de contratos, 656 mil têm amortização negativa, ou seja, a prestação não cobre sequer o juro.
Esses são alguns dos motivos que levaram a CEF -junto com o Ministério da Fazenda- a propor ao Planalto a edição de uma medida provisória prevendo descontos para a quitação antecipada de financiamentos concedidos entre 1986 e 1990, a regularização de "contratos de gaveta" e a renegociação de empréstimos pelo sistema hipotecário (fora do SFH, com juros livres).
Para Sérgio Cutolo, presidente da CEF, essas medidas vão criar condições para que se inicie um processo de reativação dos financiamentos imobiliários também para a classe média.
Os programas em andamento, com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), destinam-se à baixa renda.
A nova MP, que deve sair por esses dias, também deve autorizar a emissão de títulos de longo prazo para pagamento de dívidas do FCVS (Fundo de Compensação de Variações Salariais), que responde, com recursos do Tesouro, por resíduos de saldo devedor.
Duas situações
Nos financiamentos concedidos com recursos da poupança, a inadimplência atingia em maio passado 19,26%, mas na área do FGTS (cooperativas etc.) alcançava 40,56%, e no sistema hipotecário, 40,15%. Nos contratos firmados com base em recursos do FDS (Fundo de Desenvolvimento Social) era de 24,58%.
A CEF, mais do que os bancos privados, convive com duas situações distintas na área habitacional: contratos mais antigos com prestações muito baixas, e nos mais recentes, mutuários sem condições de arcar com o pagamento.
A liquidação antecipada da dívida com desconto é uma forma de a CEF fazer caixa e reduzir custos administrativos, já que há prestações cujo valor é insuficiente até para cobrir as despesas com o processamento de carnês.
Dados do Banco Central sobre o SBPE (só crédito com recursos da poupança) apontam 103,6 mil mutuários pagando até R$ 20,00 por mês. Num balanço de 1,2 milhão de contratos em junho passado, 65% tinham prestações até R$ 200,00 (ver tabela).
Para os contratos em que a prestação subiu a ponto de o mutuário não conseguir pagá-la, uma alternativa é esticar o prazo. Com isso, cai o valor da mensalidade.
Essa flexibilidade só é prevista hoje em contratos pelo PCR (Plano de Comprometimento da Renda), instituído em 1993.

LEIA MAIS sobre Sistema Financeiro da Habitação nas págs. 2-10 e 2-11

Próximo Texto: Caixa procura duplo crédito
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.