São Paulo, domingo, 22 de setembro de 1996
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EUA batem recorde de arquibancadas

DA REPORTAGEM LOCAL

No momento em que a média de público do futebol cai para os menores níveis dos últimos dez anos no Brasil, os EUA testemunham um novo "boom" na construção de estádios e ginásios.
No país do norte, estádios estão sendo erguidos para suportar o crescente interesse dos torcedores em acompanhar as partidas dos esportes profissionais "in loco".
Desde 1994, 16 novos grandes estádios, que agora abrigam times profissionais, foram erguidos.
Nos últimos dez anos, foram 45 novas arenas, ao custo de mais de US$ 9 bilhões, o equivalente a 300 reformas do Morumbi paulistano.
No Brasil, diferentemente, a TV tem atraído mais os fãs dos esportes; isso está levando o torcedor a deixar de frequentar o local dos jogos para acompanhá-los de casa.
Um dos motivos dessa diferença é o patrimônio que os times consideram ter. No Brasil, as equipes de futebol vêem no atleta seu principal bem. Com esse pensamento, são contrários à nova lei do passe.
Nos EUA, um estádio é construído para ser uma fonte de renda mesmo quando um time profissional não atua mais na cidade.
Quando uma equipe "decide" mudar de cidade, fato não raro nos EUA (leia texto abaixo), o local ainda se mantém também como centro de lazer ou compras. Abriga, ainda, concertos ou show.
Economia
Outro motivo é econômico. Nestes quatro anos de governo Bill Clinton, a economia dos EUA cresceu, e o desemprego caiu.
No Brasil, para pôr fim à inflação de dois dígitos ao mês, o governo acabou provocando maior desemprego. Para comprar ingresso para um jogo de futebol do Campeonato Brasileiro, paga-se de 9% a 13% de um salário-mínimo.
Outro motivo é o tratamento dado ao torcedor. Nos EUA, todos os lugares nos estádios são numerados. Os carros têm vagas fáceis; até suítes estão disponíveis.
Na maioria dos estádios brasileiros, não há nada disso. Em alguns deles, como o Pacaembu, um dos mais tradicionais e badalados do país, nem nas declaradas "cadeiras numeradas" há números.
Autoridades responsáveis pela segurança pública, como o coronel Carlos Alberto Camargo, apontam o descaso com o torcedor como uma das maiores causas da violência, que, por sua vez, acaba por afugentar o público dos jogos.
Nos campos dos EUA, não é costume o registro de incidentes graves nas últimas temporadas, seja no basquete, beisebol, futebol americano e hóquei, os esportes prediletos dos norte-americanos.

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