São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 1996
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Litoral da Cornualha é o "fim do mundo"

ALCINO LEITE NETO
DO ENVIADO ESPECIAL À EUROPA

O litoral da Cornualha, no extremo sul da Inglaterra, deve ter sido o resultado de uma guerra extraordinária que travaram, na origem dos tempos, mar e terra.
O mar devorando as carnes da terra -e esta cuspindo no mar suas entranhas graníticas.
Depois, deve ter havido a concórdia, e o mar suavizou, e a terra deixou-se manchar pela vegetação esplendidamente verde.
Por fim, veio o homem e enfeitou de casas ajardinadas o terreno inóspito, e, com tudo isso, foi arquitetado um dos pontos turísticos imprescindíveis da Europa.
Essa "ponta" da Inglaterra está entremeada de pequenas estradas que levam a todo lugar -e todo lugar é lindo na Cornualha. De modo que cada turista pode fazer a sua viagem, sem temer prejuízos de tempo ou espaço.
O St. Michel inglês
Um dos caminhos leva ao monte Saint Michel inglês, cuja semelhança com o francês foi notada pelos próprios normandos, ao conquistarem a Inglaterra no remoto 1066.
Foram eles que convidaram os monges beneditinos a construir naquele local de marés temperamentais uma réplica da abadia francesa. No século 17, um nobre transformou num palácio a fortaleza que havia no lugar.
Donzelas felizes
Outra estrada leva às Merry Maidens (donzelas felizes), conjunto de pedras pré-históricas que a lenda diz serem 19 senhoritas assanhadas, punidas com a petrificação por estarem dançando no domingo santo.
As pedras formam um grande círculo, mas são menos imponentes que as de Callanish, na Escócia. Podem até passar despercebidas, de tal maneira elas se deixaram envolver pela vegetação e pela paisagem. Oferecem, por isso, um mistério mais suave -e mais feliz.
Não será surpresa se o visitante encontrar, sentado no centro do círculo, um jovem absorto batendo cadenciadamente um tambor.
Há uma redescoberta das crenças pagãs na Inglaterra, e as famosas pedras pré-históricas que pululam pelo Reino Unido são lugares privilegiados de culto.
O jovem vai se afastar calmamente dos olhares dos turistas.
E o turista parte então para St. Ives, uma elegante cidade litorânea, que possui até mesmo uma filial da Tate Gallery, de Londres.
É hora de parar -e viver uma tarde e uma noite nesse paraíso improvisado de jardineiras, praias e ruas tortuosas.
A ilha inglesa acaba nessa paisagem impressionante de cólera marítima e desespero da pedra.
Uns visitantes se perdem nas enseadas, fascinados com a vertigem. Outros, engolem sorvetes na cidadela construída para vender lanches e suvenires.
(ALN)

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