São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 1996
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Justiça condena escritor a detenção

Autor pode prestar serviço

MARCELO RUBENS PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O escritor José Luiz Garcia Mir, autor de "A Revolução Impossível -A Esquerda e a Luta Armada no Brasil" (Editora Best Seller), publicado em 94, foi condenado pela juíza Thelma de Mesquita Garcia, da 2ª Vara Criminal de Jabaquara, a oito meses de detenção.
A condenação é em primeira instância. A pena, em regime aberto, pode ser substituída por "prestação de serviço à comunidade".
Em seu despacho, a juíza Garcia julga "parcialmente procedente" a queixa-crime, absolvendo o réu dos crimes de difamação e injúria.
A ação foi movida por Itoby Alves Corrêa, ex-guerrilheiro da ALN (Aliança Libertadora Nacional), atual assessor da Secretaria Municipal de Cultura.
No livro de Mir, que faz um balanço da participação da esquerda na luta armada brasileira, Corrêa teria participado da morte de um vigia, numa ação de roubo de carro realizada pela ALN.
"Eu nem estava nesta ação. Ele inventou tudo. Me atribui a morte de um pobre coitado sem apresentar uma prova", diz Corrêa.
"Este livro trata de uma forma desrespeitosa eu e meus antigos companheiros. Arriscamos nossas vidas naquele projeto e fizemos autocrítica. O livro desmoraliza os militantes", completa.
"O fato é rigorosamente verdadeiro. Foi em 1969. Ele participou e foi o autor do disparo. O Aloysio Nunes Ferreira estava com ele. Descrevo a ação. Ele não tem uma testemunha negue", diz Mir.
A Folha não conseguiu localizar o deputado federal Aloysio Nunes Ferreira ontem. Segundo o historiador, é Corrêa quem deve provar que não participou da ação, já que foi o autor da queixa-crime.
Em maio de 96, Luiz Mir foi condenado a pagar indenização por danos morais ao ex-guerrilheiro Ricardo Zarattini, fixada posteriormente em R$ 30 mil. Mir escreveu que Zarattini participou do atentado contra o presidente Costa e Silva, ocorrido em 1966 no Aeroporto de Guararapes, em Recife. Ele recorreu da sentença.

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