São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 1996
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Professores 'ignoram' livros recomendados

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apenas 25% dos 41 milhões de livros didáticos que serão distribuídos em 97 aos alunos da 1ª à 4ª série da rede pública foram recomendados pela FAE (Fundação de Assistência ao Estudante).
Quem faz a escolha dos livros são os próprios professores, a partir de uma lista elaborada pela FAE.
Todos os livros da lista foram aprovados pela avaliação. Ou seja: estavam atualizados e não tinham erros conceituais nem discriminação racial.
Mas só 55 dos 554 livros foram recomendados pelos avaliadores: 31 receberam uma estrela (bons), e 24, duas estrelas (muito bons).
A classificação dos livros foi feita por uma equipe de 50 professores universitários. Os títulos recomendados foram agrupados no "Guia do Livro Didático", distribuído às escolas públicas.
José Antônio Carletti, presidente da FAE, disse esperar um crescimento do percentual de livros recomendados nas escolhas para 98.
"O processo de avaliação é muito novo, e os professores não estavam acostumados. Acho que o guia com os livros recomendados passou despercebido para muitos professores, mesmo nas capitais."
Carletti disse não estar decepcionado com as escolhas dos professores.
"A escolha é democrática e isso é o mais importante. Não podemos forçar o professor a optar pelo livro que, na nossa opinião, favorece o aprendizado do aluno. Isso seria autoritário."
O presidente da FAE afirmou, contudo, que serão desenvolvidas campanhas para orientar os professores a utilizar o guia.
Para Wander Soares, vice-presidente da Abrelivros (Associação Brasileira de Editores de Livros), o baixo índice de adesão aos livros recomendados não foi surpresa.
"O professor escolhe o livro que ele quer, não se deixa influenciar por uma avaliação subjetiva. Ele sabe melhor do que os avaliadores as obras que se adaptam à sua clientela", disse Soares.
A FAE é responsável pela compra e distribuição de livros em todo o Brasil. exceto em São Paulo e Minas Gerais.

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