São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 1996
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'Não mandei eles sozinhos'

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A família do catador de papel Aílton da Silva chegou de Caruaru (PE) há dez anos e hoje mora em Planaltina, cidade-satélite do Distrito Federal.
Aílton agora pensa em fazer o caminho de volta, depois de ficar sabendo, pela reportagem da Folha, que pode ser processado.
"Nós não somos dos mais piores (pobres), dá para comprar arroz e feijão para todo mundo", disse Aílton, que tem renda de R$ 450 por mês catando papel e carregando entulho.
Ana Maria da Silva disse que já pediu dinheiro junto com os filhos, para pagar a construção da casa onde moram hoje. "Mas eu nunca mandei nenhum deles lá sozinho."
Ela disse que pretendia colocar a filha de 10 anos na escola quando saísse do hospital com o filho menor, que teve complicações depois do parto.
Ao sair do hospital, foi tirar as filhas da casa da Secretaria de Desenvolvimento Social, mas não conseguiu, porque uma delas disse que sofria maus-tratos.
Ana Maria afirmou que já "deu uma surra de corda" na menina quando ela fugiu de casa uma vez. "O delegado da polícia trouxe ela aqui e disse para dar uma surra, só não tirar sangue."
O pai afirmou que também já bateu na menina, quando ela quebrou o vidro de um carro. "Em criança só dou chinelada no pé."

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