São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996
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Ator de Tarantino estréia na direção

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Steve Buscemi tem um rosto mais conhecido do que o nome. Misto de Bela Lugosi e Stan Laurel, todo mundo o viu como o Mister Pink de "Cães de Aluguel", de Quentin Tarantino, ou como o amigo cuidadoso de Antonio Banderas que sola na abertura de "A Balada do Pistoleiro", de Robert Rodriguez.
Sua estréia na direção, "Ponto de Encontro" ("Trees Lounge"), é uma das atrações de hoje da seleção paulistana da Mostra Rio, depois de ter sido lançado como um dos "cults" da Quinzena dos Realizadores de Cannes-96.
Guardadas as proporções, à moda Woody Allen, Buscemi faz tudo: escreve, dirige e estrela. A produção é assumidamente barata, girando em torno de uma locação principal, o bar Trees Lounge que empresta o título ao filme. Nada que entusiasme, mas tampouco há muita decepção.
O filme é uma espécie de versão cômica de "Barfly" ou de "Leaving Las Vegas", sem a crueza do primeiro ou a radicalidade do segundo.
Buscemi faz Tommy, um desempregado que bate ponto no boteco. O ex-melhor amigo demitiu-o do emprego e roubou-lhe a namorada.
Os altos e baixos de Tommy são acompanhados entre vexames e paqueras. Buscemi equilibra-se, evitando as facilidades do bêbado trapalhão ou do pobre-coitado.
Reservou para si as melhores tiradas, mas não descuidou do desenvolvimento dos coadjuvantes, amigos como Anthony La Paglia, Samuel L. Jackson e Seymour Cassel.
Buscemi não repetiu em Cannes John Turturro ("Faça a Coisa Certa"), que arrebatou há três anos a Câmera de Ouro com sua estréia em "Mac". Mas não resta dúvida: esse despretensioso "Ponto de Encontro" é seu diploma de cineasta.

Filme: Ponto de Encontro (Trees Lounge)
Direção e roteiro: Steve Buscemi
Quando: hoje, às 21h30, e amanhã, às 15h
Onde: Espaço Unibanco de Cinema - sala 2

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