São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996 |
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Tecnologias chegam com atraso ao país
JOÃO BATISTA NATALI
É uma linha digital que permite o tráfego de três canais: o primeiro, por exemplo, para a telefonia, o segundo para a Internet, e o terceiro para fazer a gestão (discagem, comandos) dos dois outros. A novidade chama-se RDSI (Rede Digital de Serviços Integrados, ou ISDN, sigla em inglês), e custará R$ 100,00 por mês, mais o tempo de utilização. A Telesp disporá do mesmo equipamento só no ano que vem. Mas dificilmente oferecerá tarifas tão atraentes quanto nos Estados Unidos, onde empresas como a US West oferecem essas linhas por US$ 84,00, com direito a 200 horas mensais gratuitas. França Na França, a France Telecom (empresa estatal) oferece por US$ 30,00 e cobra, pelo uso, a tarifa urbana de telefonia. A RDSI permite o tráfego de 128 Kbps. É 4,4 vezes mais que a capacidade máxima das melhores linhas analógicas brasileiras. O Brasil só dispõe de linhas analógicas. Possui centrais eletrônicas digitais, o que é outra coisa. Mesmo assim, as centrais cobrem menos de 40% dos assinantes de telefonia. Segundo a agência da ONU (Organizações das Nações Unidas) para as telecomunicações, a UIT, 43 países já digitalizaram todas suas centrais. A diferença entre tecnologia analógica e digital é a mesma que entre um disco de vinil e um CD. A digital aumenta a confiabilidade e permite mais informações em menos tempo de transmissão. Anacronismo Mas não basta dispor de um recurso tão sofisticado, em casa, para em seguida cair numa rede de telecomunicações lenta e anacrônica. É o risco do Brasil. A Embratel, que cuida do "backbone" (grandes troncos interestaduais e internacionais) da Internet afirma estar, tecnicamente, com tudo sob controle. É o que disse à Folha um de seus porta-vozes. Se o tráfego de informações aumenta, novos canais se tornam disponíveis. Mas a verdade parece ser outra. Uma das provas da inadequação do backbone está na pane que afetou há dez dias, por 24 horas, todos os provedores do Estado de Santa Catarina. O "webmaster" (responsável) de um deles -que obviamente pediu para não ser identificado- afirma haver uma sobrecarga crônica dos circuitos e um risco permanente de colapso na rede. Rotadores Um outro indício de que a Embratel foi pega de surpresa com a expansão extremamente rápida da Internet no Brasil: só em julho último, ou seja, há menos de três meses, as mensagens originárias ou com destino a São Paulo passam por "rotadores" (routers) locais. Rotadores são computadores e programas de segmentação e endereçamento das mensagens. Sem eles, a Internet não funciona. Ora, todo o tráfego paulista era até julho processado no Rio. (JBN) Texto Anterior: "Internauta" paga muito mais por tarifas Próximo Texto: Conheça alguns termos da Internet Índice |
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