São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996
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"Internauta" paga muito mais por tarifas

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Segundo a tabela de preços da Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicações), uma linha digital de 128 Kbps (128 mil sinais por segundo) custa hoje mensalmente, para uso comercial, R$ 3.150,00. Com impostos, sai por R$ 4.252,50.
Uma linha com as mesmas características, alugada pela AT&T a uma empresa norte-americana, tem como tarifa básica US$ 615,00. O preço é sete vezes menor.
A linha da AT&T pode ficar um pouco mais cara, dependendo da distância entre os dois pontos que irá ligar. Entre Nova York e Filadélfia, por exemplo, custaria US$ 45,00 a mais.
Mesmo assim, com essa diferença de preços, uma das conclusões óbvias é que os provedores de acesso à Internet possuem, no Brasil, custos em média bem mais elevados que nos Estados Unidos.
Um exemplo, tomado ao acaso: por 50 horas de Internet por mês, uma pequena companhia (provedora e de telefonia) do Estado de Minnesota, a Blue Earth Valley, cobra do usuário US$ 13,95. É menos que a metade do que cobram os provedores no Brasil por apenas 10 horas mensais.
Orçamento
O orçamento familiar do "internauta" também é afetado pelo custo da linha telefônica em que ele irá conectar seu computador.
Em São Paulo, no mercado paralelo, uma linha chega a custar R$ 6.232,00. Mas digamos que o assinante a obtenha diretamente na Telesp. Pagará R$ 1.117,00 (pacote que inclui ações da Telebrás).
Ora, será 11 vezes a mais que na Argentina (preço de uma segunda linha para o mesmo domicílio) ou 15 vezes a mais que na França.
Com o seguinte detalhe: nesses dois países a linha é instalada em 48 horas, enquanto no Brasil (dados da União Internacional de Telecomunicações), pelo plano de expansão, demora nove meses.
Nos Estados Unidos, muitas empresas locais de telefonia dão a linha de presente ao assinante e só cobram pelo serviço.
Por fim, o "custo Brasil" aumenta em razão dos impostos sobre serviços de telecomunicações, que são de 35% contra uma média de 5% no G-7, o grupo dos sete países mais industrializados.
O internauta brasileiro só leva vantagem comparativa quanto às tarifas urbanas. No horário de pico, ele paga por minuto quatro vezes menos que na Itália ou 3,2 vezes menos que na França.
A tarifa é também metade da Argentina, onde -e não é por puro acaso- os internautas fazem em média ligações de 13 minutos, duração três vezes menor que no Brasil.
(JBN)

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