São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996
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Ministro afasta superintendente do Incra

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) demitiu ontem o superintendente do Incra no Pará, Floriano Amorim, que havia criticado a instituição em entrevista concedida à Agência Folha.
Jungmann anunciou a criação de uma superintendência especial do Incra em Marabá (420 km ao sul de Belém). O objetivo é dobrar as metas de assentamento no leste do Estado, onde ocorreu o massacre de 19 sem-terra em abril.
Amorim era um dos dois coronéis da reserva do Exército que foram convidados pelo ministro para assumir as unidades do Incra em áreas de conflito. O outro está no Mato Grosso.
A demissão de Amorim foi resultado de atritos entre ele e o administrador do Incra em Marabá, Ronaldo Giusti, durante ocupação do escritório do órgão por sem-terra ligados ao MST.
"Os dois estão fora por insubordinação. O Amorim foi demitido para preservar a minha relação com todos os superintendentes do Incra", disse o ministro.
Segundo Jungmann, Giusti desrespeitou o superintendente ao fazer negociações com o MST durante a ocupação do escritório. Amorim, por sua vez, cometeu o erro de desafiar o ministro.
À Agência Folha, o superintendente afirmou que o "Incra é um ninho de cobras" e "a maior imobiliária do país".
Há duas semanas, Amorim enviou fax ao ministro condicionando sua permanência no cargo à exoneração de Giusti. O administrador estaria negociando com os sem-terra que ocuparam o escritório do Incra.
Segundo o ministro, as negociações com o MST nos Estados não estão suspensas, desde que não haja invasão de prédios públicos.
Segundo Jungmann, o ministro não negociará com a direção nacional do movimento dos sem-terra, mas os superintendentes do Incra podem atender reivindicações regionais da entidade.
"A negociação que eu rompi com o MST é política e nacional", afirmou Jungmann.
Exército
O ministro disse que a demissão de Amorim não deve provocar nenhum atrito com o Exército, que vem colaborando com a reforma agrária desde sua posse.
Terras de propriedade do Exército na Amazônia foram cedidas para projetos de assentamento.
A nova superintendência em Marabá deverá ser criada na primeira quinzena de outubro. A criação da nova unidade do órgão aguarda a assinatura do presidente Fernando Henrique Cardoso.
"O nosso objetivo é dobrar as metas de assentamento nessa área do Estado e acelerar as desapropriações", afirmou Jungmann.

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