São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Choques no Oriente Médio matam 68

DA REDAÇÃO

Os palestinos promoveram durante três dias a maior onda de protestos desde que assinaram a paz com Israel, em 1993. Os confrontos com os militares israelenses deixaram pelo menos 54 árabes e 14 soldados de Israel mortos.
As manifestações foram estimuladas pela abertura de uma nova saída no quarteirão muçulmano da Cidade Velha de Jerusalém para um túnel que foi transformado em atração turística da cidade.
O problema é também a soberania sobre Jerusalém: os dois povos reivindicam a cidade como sua capital -e os palestinos esperavam ter sido consultados sobre a obra.
A decisão de abrir a nova saída do túnel, que passa próximo a locais sagrados do islamismo, foi a última de uma série de medidas do novo governo de direita de Israel que causaram um grande descontentamento entre os palestinos.
O adiamento da retirada das tropas israelenses de Hebron (Cisjordânia) e a decisão de ampliar os assentamentos judaicos nos territórios palestinos já haviam causado a primeira greve naquelas terras desde que Iasser Arafat assumiu a sua administração parcial.
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, acusou Arafat de ter incitado os palestinos aos confrontos e disse que não pretende fechar a nova saída para o túnel.
O primeiro-ministro também reclamou que os policiais palestinos atiraram contra os israelenses.
Essa foi a principal diferença entre os conflitos da semana passada e os anteriores aos acordos de paz -os palestinos dessa vez tinham armas de fogo, autorizadas pelo próprio governo israelense.
Os confrontos também relembraram a Guerra dos Seis Dias, quando Israel ocupou a Cisjordânia e a faixa de Gaza, em 1967.
Nos últimos choques, tanques foram usados nessas regiões pela primeira vez desde então.
As principais potências condenaram os confrontos, mas não fizeram ataques a nenhum grupo. A Síria, que tem disputas territoriais a resolver com Israel, foi a mais pessimista -disse que o processo de paz "pode já estar enterrado".

Texto Anterior: Direto ao assunto
Próximo Texto: Ainda não foi desta vez
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.