São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996
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Um terço do país pesa mais do que devia

NOELLY RUSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O mundo vive uma epidemia de obesidade, segundo a Organização Mundial da Saúde. Isso quer dizer que o número de pessoas cujo excesso de peso é uma ameaça à saúde aumentou e atingiu proporções muito maiores que as existentes até então.
No Brasil, um terço da população vai enfrentar o verão acima do peso ideal. Ao número de obesos -8,3%- se somam mais 25,1% de pessoas que, apesar de não serem consideradas obesas (com necessidade de acompanhamento médico), estão pesando mais que o recomendável.
Nos Estados Unidos, conforme os critérios da OMS, há 58 milhões de obesos clínicos e pelo menos outros 48 milhões pesam mais do que deviam, o que dá somados cerca de 45% da população.
A OMS já incluiu a obesidade no grupo de doenças crônicas que podem levar o paciente à morte.
Atualmente, nos EUA, o problema é responsável indireto por 300 mil mortes anuais. No Brasil, a estimativa é que 150 mil pessoas morram por problemas ocasionados ou reforçados pela gordura.
Para combater o mal, a OMS criou uma força-tarefa internacional, com sede em Aberdeen, na Escócia. Entre os membros, está Alfredo Halpern, 55, endocrinologista e professor livre-docente da Universidade de São Paulo.
"É importante que as pessoas saibam que estar muito acima do peso não é uma questão estética. Fizemos com que a OMS reconhecesse a obesidade como doença crônica, que precisa ser combatida", diz Halpern.
Causas
As principais causas para o aumento de peso no mundo não têm origem clínica. "As pessoas estão comendo muito e mal", diz o nutrólogo Mauro Fisberg, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Os maus hábitos na hora de comer são importados, em sua maioria, dos Estados Unidos. Segundo a OMS, se os norte-americanos continuarem a comer a quantidade -grande- com a qualidade -pequena- de hoje, toda sua população será obesa em 2230.
Sedentarismo é outra causa. Carro, sofá, TV e vídeo acompanhados de "coisinhas" para mastigar têm engrossado a silhueta da população mundial.
No Brasil, segundo Halpern, a tendência é que os gordos se concentrem principalmente nas regiões Sul e Sudeste do país. Os índices de obesidade são menores no Nordeste e Norte do país.
Para o endocrinologista Antonio Roberto Chacra, 53, da Unifesp, urbanização e industrialização são responsáveis pela mudança de hábitos alimentares. "Há um número de obesos preocupante no país. Como também é preocupante o número de subnutridos."

LEIA MAIS sobre obesidade nas páginas 3-2 e 3-3

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