São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996 |
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Dieta de pobre é mais saudável, diz estudo
JAIRO BOUER
Aliás, essa era a única camada da população do país que seguia esse tipo de alimentação. O motivo: não havia recursos para consumir a dieta rica em proteínas, gorduras e calorias que, na época, era considerada adequada e que hoje é responsabilizada por problemas como obesidade, hipertensão arterial e risco de doença coronariana. Esse é um dos resultados de um trabalho publicado no início do mês no "New England Journal of Medicine", uma das publicações médicas mais conceituadas. O estudo, conduzido pelo médico Barry Popkin, do departamento de nutrição da Universidade da Carolina do Norte, comparou o padrão nutricional das diversas camadas da população americana em 65 e na década de 90. O estudo também apontou que a qualidade da dieta melhorou nos EUA na última década. Em 1965, menos de 5% da população branca de alto poder aquisitivo tinha uma dieta saudável. Esse número saltou para 20% nos anos 90. Cerca de 17% da população negra de baixa renda já seguia uma dieta saudável em 65. Hoje esse número aumentou para 23%. O consumo de gordura foi reduzido em todos os grupos pesquisados. Dieta saudável As gorduras devem ser responsáveis por, no máximo, 30% das calorias obtidas com os alimentos, explica Adriana D'Ávila, do serviço de nutrição e dietética do Instituto do Coração da USP. Segundo Adriana, só uma dieta variada, dividida em pelo menos três refeições, garante o fornecimento de todos os nutrientes. Oito a onze porções de verduras, frutas, legumes e cereais devem constar do cardápio diário. Dois litros de água e cerca de 30 gramas de fibras completam esse perfil. O cardápio básico do brasileiro com "arroz, feijão, salada, carne e fruta" é uma dieta equilibrada e saudável, desde que a quantidade e a proporção entre esses alimentos esteja correta, diz Silvia Cozzolino, professora de nutrição humana da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Para Silvia, o maior problema no país é que 70% da população ganha salários que inviabilizam um consumo calórico satisfatório. Segundo ela, mesmo nas classes mais baixas, a dieta do brasileiro é rica em proteínas. No entanto, se o consumo de carboidratos não for adequado, essas proteínas acabam sendo gastas na produção de energia e não na construção dos tecidos do nosso organismo. Texto Anterior: Saúde dos EUA aprova 1ª pílula de emagrecimento Próximo Texto: Saiba o que é uma alimentação equilibrada e saudável Índice |
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