São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996
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Um clima de depressão paira sobre o clássico

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Pelo visto, o clássico dos clássicos desta fase do Brasileirão corre sério risco de vir a ser mais uma decepção, a exemplo do último Palmeiras e Cruzeiro. Não tanto pelos talentos que estarão espalhados pelo gramado. Mas, sobretudo, por um certo clima de deprê que pairou esta semana sobre os dois lados do muro que separa São Paulo e Palmeiras na velha Barra Funda.
Por fim, é obrigado a enfrentar seu mais feroz rival dos últimos tempos com toda a sua linha de defesa alterada. E isso, para esse Palmeiras de Luxemburgo, pode ser fatal.
Explico: ao contrário da maioria dos demais times brasileiros, o Palmeiras enfatiza o jogo ofensivo, com dois laterais eméritos apoiadores (Cafu e Júnior), dois meias habilidosos e insinuantes (Rincón e Djalminha) e dois atacantes típicos (Luizão e Viola).
Até mesmo os médios têm liberdade para apoiar alternadamente o ataque. Logo, o sistema defensivo, para ser igualmente eficiente, carece de sintonia fina entre zagueiros internos, médios e laterais. Caso contrário, está sujeito a levar uma biaba como ocorreu contra o Bragantino.
Uma súbita perda coletiva dessas, pois, numa semana aziaga do técnico, tudo junto, sei não...
*
Digo que não sei por que do lado tricolor o clima não é mais propício.
André, que seria uma solução, transformou-se em problema, pela incrível falta de tato e descortino por parte tanto da direção técnica do time quanto do jogador. Pois, pior do que sua ausência, será a presença de Edmilson no seu lugar. Nem tanto pelas limitações técnicas do jovem jogador, mas pelo que representa taticamente: um São Paulo retraído diante da porta aberta pelos estragos feitos na defensiva adversária.
A simples presença de Elivélton na lateral esquerda já é irresistível convite a uma ação ofensiva mais incisiva pelo lado direito do ataque tricolor.
Traduzindo: era a hora de Parreira começar com os três atacantes -Muller, Aristizábal e Valdir.
Aí, sim, teríamos um clássico da grandeza de Palmeiras e São Paulo.
*
No tapetão, o Corinthians já começou perdendo do Vasco por 1 a 0. Vamos ver se, no gramado de São Januário, o técnico Nelsinho estréia com uma virada.
Em princípio, colar André Santos em Edmundo e soltar Marcelinho mais à frente, junto com Tiba, já é um bom começo.
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Uma "boutade" do presidente Beto Zini ao Milton Neves, da "Jovem Pan", revela parte do segredo desse Guarani surpreendentemente líder: "Vocês vivem dizendo que eu troco de técnico a toda hora. Mentira. Desde que assumi, o técnico é sempre o mesmo: eu".

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