São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996
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Mestre de Oscar dá lição sobre rodas

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O "guru" do maior cestinha da história do esporte brasileiro, tem 1,67 m, é engenheiro civil e filho de japoneses e está paraplégico.
Laurindo Miura, 44, tinha apenas 20 anos quando conheceu o garoto Oscar, então com 14.
O encontro aconteceu em 72.
Miura era jogador do clube Unidade Vizinhança, em Brasília.
Convidado pelo então técnico, Zezão (já morto), começou a treinar as equipes do infantil e do infanto-juvenil. Foi nesta última que Oscar, medindo quase 1,90 m, foi treinar, levado por um tio.
A convivência durou dois anos.
"O que me chamou a atenção foi a altura e a vontade dele. Se dizia para treinar duas horas, ele queria três. Se eram três, queria quatro."
Miura ficou paraplégico após um acidente de carro, em 81. Passou dois anos em recuperação. Nessa época recebeu a visita de Oscar. Foi o último encontro dos dois.
Em 85, voltou ao clube. Hoje dá aulas às sextas-feiras. Dedica o restante da semana a escrever métodos de ensino de basquete.
Pedrinha
Quando começou como técnico, ele trabalhava com 30 garotos e dispunha de apenas 4 bolas.
Treinavam às terças e quintas-feiras, às 20h.
Oscar fazia parte de um grupo que chegava mais cedo, por volta das 16h30. Também treinava nos fins-de-semana. Nos outros dias, ia para o colégio Dom Bosco ou para a Associação Banco do Brasil.
"Para superar a falta de tempo e de recursos, comecei a imaginar uns exercícios que fossem eficientes e também agradáveis."
Entre esses exercícios estavam o de colocar um jogador no centro da quadra com os olhos vendados, tentando descobrir de que direção eram jogadas as bolas.
Havia também o "exercício da pedrinha", feito para Oscar.
"Ele era um pouco descoordenado. Quando batia a bola, ela subia à altura de seu peito. Coloquei umas pedrinhas no chão para que ele fosse obrigado a apanhá-las sem deixar de quicar a bola."
Oscar aponta esses exercícios como responsáveis pelo seu arremesso, considerado um dos mais precisos do mundo.
Mas Miura minimiza seu papel."Não fiz nada diferente. Ele seria grande em qualquer lugar."

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