São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996
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Argentina troca os craques por antigos treinadores

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Campeonato Argentino (Torneio Apertura), que chega neste fim-de-semana a sua sexta rodada, é a prova viva de uma das características do futebol atual: a valorização dos técnicos e dos esquemas.
Três dos grandes treinadores da história do futebol argentino, todos com destacada carreira internacional, dirigem hoje equipes de ponta do país.
Carlos Bilardo comanda o Boca Juniors, clube mais popular do país. O técnico se consagrou em 86, quando dirigiu a seleção que foi campeã no Mundial do México.
César Menotti, técnico que triunfou na Copa de 78, também está de volta ao país, agora treinando o Independiente, equipe que mais venceu a Libertadores.
Alfio Basile, que dirigiu a seleção argentina na Copa dos EUA, está à frente do Racing, um dos clubes de maior expressão no país.
A volta de Bilardo, Menotti e Basile ao futebol argentino coincide com o êxodo dos nomes de maior destaque do Torneio Clausura.
Os imigrantes
Maradona, após não conseguir dar o título nacional ao Boca Juniors, viajou para a Suíça, onde se internou em uma clínica para desintoxicação de drogas.
O jogador, que chegou a ser vaiado na Argentina, ainda não sabe se voltará ou não aos gramados.
Seu ex-companheiro de clube, Caniggia, também deixou o país. Agradando a sua mulher, que prefere morar na Europa, o jogador se mudou para a Itália. Só voltou à Argentina ao receber a notícia do suicídio de sua mãe.
O goleiro paraguaio Chilavert, que marcou mais um gol em sua carreira no domingo passado, é o próximo a deixar o país.
Esta semana, o jogador deve anunciar seu novo clube, provavelmente um time italiano.
O polêmico goleiro foi proibido de atuar na Argentina por 13 meses devido a uma briga em que se envolveu em 94.
Maradona, Caniggia e Chilavert foram alvo de duras críticas na Argentina e, embora sejam grandes ídolos no país, não se sentem devidamente valorizados.
Fugindo um pouco à regra, as estrelas do futebol argentino atualmente ficam no banco.
A tendência
Nos últimos anos, a figura do técnico tem conquistado maior destaque no futebol mundial, por vezes, até mais que a dos atletas.
No Brasil, dois exemplos são os técnicos de São Paulo e Palmeiras, clubes que se enfrentam hoje.
Carlos Alberto Parreira decidiu colocar André na reserva após ter sido criticado pelo jogador.
A diretoria são-paulina, em vez de colocar em dúvida a posição de Parreira, defendeu o treinador, lhe dando segurança para realizar um trabalho de longo prazo, assim como fez Telê Santana.
Wanderley Luxemburgo goza de total autonomia sobre o elenco do Palmeiras e conta com respaldo da diretoria para qualquer decisão, mesmo que seja uma punição a um ilustre jogador.

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