São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996
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Genética e evolução

JOSÉ REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Diversos modelos têm sido apresentados para a origem do homem moderno (Homo sapiens sapiens). Entre eles, destacam-se o da origem multirregional e o "fora da África". O primeiro sugere não haver origem única para todos os modernos. Após a irradiação do Homo erectus da África para a Europa e Ásia, entre 800 mil e 1,8 milhão de anos passados, tem havido uma transição contínua entre populações de erectus e sapiens.
Essa "evolução paralela" entre populações geograficamente dispersas pode ter resultado do fluxo de genes entre as populações. É pelo menos o que quase literalmente escreve K. K. Kidd na "Science" (27, 1380).
O segundo modelo ("fora da África") sugere, segundo eles, que todas as populações humanas não africanas descendem de um antepassado que não era H. sapiens, o qual evolveu na África entre 100 mil e 200 mil anos e depois se espalhou e se diversificou pelo resto do mundo, superando todas as populações de Homo ainda existentes na África.
As melhores provas genéticas para sustentar a hipótese "fora da África" são a chamada "Eva mitocondrial" e, depois dela, o "Adão genético".
A "Eva mitocondrial" é a reconstituição, mediante o DNA das mitocôndrias, de uma certa mulher mais antiga a deixar descendentes que puderam ser rastreados mediante estudo da linhagem materna.
Essa Eva indica que o grupo moderno se originou na África. No "Adão genético" os genes passam de pai a filhos; ele indica que os modernos humanos surgiram nos últimos 200 mil anos e antes se espalharam pelo globo, substituindo os remanescentes de antiga migração de 1 milhão de anos.
No citado artigo, um grupo internacional de 15 especialistas, coordenados pelo laboratório de Ken Kidd em Yale, publicou os resultados de um dos maiores estudos do DNA nuclear, o qual pode rastrear os movimentos dos dois sexos. Esse estudo, de capital importância, fixa a origem na África, há cerca de 100 mil anos. Os estudos foram realizados com um segmento do cromossomo 12 e abrangeram 1.600 indivíduos em 42 populações. O trabalho provocou divergências menores.

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