São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996 |
 |
|
Próximo Texto |
Índice
Polícia de Arafat reprime palestinos
IGOR GIELOW
Foi a primeira vez que a polícia da ANP (Autoridade Nacional Palestina) enfrentou membros de sua população desde quarta-feira, quando conflitos explodiram entre palestinos e israelenses. O objetivo era evitar que manifestantes palestinos atacassem assentamentos judeus em áreas árabes e postos militares israelenses. Até ontem, 65 pessoas haviam morrido em confrontos após ataques. O motivo da violência foi a abertura, por Israel, de um túnel que passa por lugares sagrados do islamismo em Jerusalém. A mudança é o primeiro sinal de que Iasser Arafat, o presidente da ANP, está retomando o controle sobre seus 35 mil policiais. Até sexta-feira, militares palestinos trocavam tiros com o Exército de Israel. Ramallah Ontem a imagem era diferente. Em Ramallah, cerca de 20 km a noroeste de Jerusalém, houve colaboração entre forças policiais palestinas e soldados de Israel para afastar cerca de 50 adolescentes palestinos de um posto israelense. A Folha esteve em Ramallah quando os adolescentes estavam sendo dispersados. Não houve violência, apenas empurrões e gritos. Depois, o clima permaneceu tenso. O principal motivo são os adolescentes palestinos -aparentemente mais dispostos a continuar o conflito ao estilo da intifada, levante marcado pelos ataques com pedras a soldados israelenses ocorrido entre 1987 e 1993. Os garotos se aglomeram em grupos de cinco, em média, nas esquinas de Ramallah. Quando a reportagem se aproximou de um grupo, um dos garotos gritou alto, em árabe. Sem resposta, tentou o inglês "go away", segurando uma pedra na mão. Em outro grupo, a aproximação foi mais tranquila. Fanuk, de 15 anos, disse que vai continuar lutando contra Israel mesmo que a polícia de Arafat deixe de dar apoio. "É uma pena, porque agora tínhamos armas melhores nas mãos", disse o rapaz. Nenhum policial palestino abordado quis dar entrevistas. Tensão Em Gaza, houve conflitos entre policiais e manifestantes palestinos. Os soldados israelenses não interferiram. Segundo a ANP, na tarde de ontem havia um novo foco de tensão no sul da faixa de Gaza. Até as 18h (13h em Brasília) não havia detalhes do que estava ocorrendo. Já em Jerusalém, o dia foi relativamente tranquilo. Até as 18h locais, não havia nenhum incidente registrado. Próximo Texto: "Túnel da discórdia" tem valor simbólico Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |