São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996 |
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"Túnel da discórdia" tem valor simbólico
IGOR GIELOW
A resposta é sim e não. Sim, é importante porque simboliza toda uma concepção de autonomia cara a ambos os lados do conflito. Não é porque, como todo símbolo, esconde processos mais complexos do que aparenta. O túnel foi construído entre 142 a.C. e 63 a.C., servindo como um aqueduto. No fim do século 19, foi descoberto por arqueólogos que não lhe deram muita importância. Em 1967, depois da Guerra dos Seis Dias, os israelenses redescobriram o túnel e o ampliaram para uma extensão total de 80 metros -revelando algumas fundações do Muro das Lamentações, local sagrado do judaísmo. O muro fazia parte do templo de Jerusalém, tendo sido construído em 20 a.C. por Herodes, o Grande. Nele, judeus rezam e choram a destruição do templo. Precedente Em 1987, houve protestos árabes quando Israel anunciou que iria abrir uma segunda entrada para o túnel na Via Dolorosa, no quarteirão muçulmano da Cidade Velha. O projeto foi em frente e desencadeou a pior crise no país desde os acordos de paz de 1993. Muçulmanos argumentam que a extensão do túnel ameaça as fundações de seu terceiro local mais sagrado, a mesquita de Al Aqsa, e a Cúpula da Rocha -dourada, que esconde a rocha na qual Abraão teria oferecido seu filho em sacrifício e da qual Maomé teria ido ao Céu. O prefeito de Jerusalém, Ehud Olmert (Likud, governista), acha o argumento tolo e diz que a idéia é facilitar o trânsito de turistas. Os muçulmanos, porém, afirmam que a idéia é abrir as portas para a entrada de judeus na Esplanada das Mesquitas, que abriga a Al Aqsa e a Cúpula da Rocha. Isso é proibido por acordo assinado por Israel em 1967 com a concordância do alto rabinato. Além disso, seria mais um sinal do expansão judaica na cidade, centro para o cristianismo, judaísmo e islamismo. Outro ocorreu há dois meses, quando foi ordenada a destruição de um centro de cultura da Autoridade Nacional Palestina no setor leste de Jerusalém. (IG) Texto Anterior: Polícia de Arafat reprime palestinos Próximo Texto: Polícia de Arafat reprime palestinos Índice |
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