São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996 |
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Grupo tolera o narcotráfico
DO "THE INDEPENDENT" O Taleban parece querer lançar o país de volta à Idade Média. Em áreas sob seu controle, as escolas só para meninas foram fechadas e as mulheres sozinhas são proibidas de sair às ruas.O grande trunfo do Taleban desde que surgiu, há cerca de dois anos em escolas religiosas do Paquistão, foi conseguir trazer uma chance de pôr fim à guerra civil e depor o misto de bandidagem e governo em que se transformou o país sob os "mujahedins". Há também o apoio gerado pelo fator étnico -a maioria dos guerrilheiros do Taleban é de patãs, a maior etnia do país, diferentemente do antigo governo, tadjique- e o suporte financeiro dos países mais radicais do Oriente Médio. Para tentar recuperar Cabul, o antigo governo precisaria da ajuda de Abdul Rashid Dostam, o senhor de guerra uzbeque que estabeleceu um Estado praticamente independente a norte do Hindu Kush, a segunda cadeia da montanhas mais altas do mundo, na fronteira entre o Afeganistão e o Uzbequistão. Dostam está tentando estruturar o comércio de sua região e desenvolver as reservas de gás e petróleo de seu território e parece ter pouca inclinação para apoiar o Taleban, supostamente ligado ao Paquistão. Hoje, o Afeganistão corre o risco de fragmentar-se. Há também o trauma e o cansaço pela invasão soviética. No final dos anos 70, tropas soviéticas invadiram o país para patrocinar o golpe que levou Najibullah ao poder. A ocupação durou quase dez anos e foi para a URSS o que o Vietnã representou para os EUA -a maior derrota militar do século. E isso interessa ao mundo real? Sim, e não só porque todas as facções estão lutando com armas avaliadas em bilhões de dólares, acumuladas pelo país quando ele ainda era uma pérola da Guerra Fria. Interessa também porque a instabilidade afegã levou plantadores de papoula e refinadores a florescerem, fazendo do país o maior exportador mundial de ópio e de heroína. Contra isso o Taleban, com toda sua austeridade, praticamente nada faz. Também o Taleban não parece interessado em desencorajar os vários "quartéis" de todo o país a treinar militantes islâmicos de vários países. "Quando tivermos conquistado o Afeganistão, vamos conquistar todo o mundo para o Islã", ameaçou recentemente um membro do grupo a um ocidental. Texto Anterior: Vitória da guerrilha lança o Afeganistão ao passado Índice |
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