São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996 |
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SOMBRA NA LUA-DE-MEL A principal conclusão permitida pelo conjunto de pesquisas do Datafolha publicadas hoje é a de que a rejeição ao princípio da reeleição é tão forte que supera até o julgamento positivo do presidente Fernando Henrique Cardoso, que seria o primeiro beneficiário da queda imediata do veto constitucional à reeleição. Era razoável supor que o eleitorado avaliasse a reeleição de um ponto de vista conjuntural. Se o governante de turno é bem visto, nada mais coerente do que dar a ele a chance de disputar um novo mandato. A pesquisa demonstra que a suposição é incorreta. FHC alcança a melhor avaliação desde que tomou posse (43% de ótimo/bom). Mesmo assim, os que não aceitam a reeleição como tese (46%), mais os 16% que a rejeitam para o atual presidente, somam quase dois terços. É evidente que a aprovação ou não da reeleição depende apenas dos congressistas. Mas parece lógico imaginar que os parlamentares votarão com um olho nos seus próprios interesses, políticos ou pessoais, e outro na reação do público. De todo modo, parece haver espaço para que FHC, empenhado na reeleição, mude esse sentimento. O presidente volta a viver um bom momento junto ao público. Três meses atrás, tivera a sua pior avaliação (apenas 30% de ótimo/bom). Agora, recupera-se e vai a 43%. Além disso, seria o primeiro colocado em uma hipotética eleição presidencial a realizar-se agora, com 29% de intenções de voto, contra 20% para o seu principal rival, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Some-se ainda o fato de que o Plano Real continua com uma avaliação francamente positiva (71% consideram-no bom para o país) e a constatação de que reduziu o temor ao crescimento do desemprego. Todos esses dados positivos superam nitidamente o número negativo representado pelo veto à reeleição. O que permite supor que, a manter-se a relativa lua-de-mel entre parcela significativa do público e o presidente, até a rejeição à reeleição poderá um dia atenuar-se. Próximo Texto: ABAIXO A REALIDADE Índice |
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