São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996
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Bom pra cachorro

DEBORAH GIANNINI

Já existe em São Paulo um profissional especializado para cuidar dos problemas psicológicos de seu melhor amigo
Se o comportamento do seu cão está acabando com a paz entre vocês, não enlouqueça: um psicólogo de animais poderá ajudá-lo.
Com a diferença da queixa vir sempre do dono e nunca do animal, o tratamento psicológico visa mudar o comportamento do cão e melhorar a harmonia com seu dono, que, aliás, também deve participar das sessões de terapia.
"Não dá para modificar o animal sem modificar o dono", diz a psicóloga Hannelore Fuchs. Ela explica que a presença do dono também é importante para obter informações sobre a vida do animal, enquanto analisa a personalidade e examina se não é uma doença orgânica.
Baseada nos fatores que podem ter alterado a vida do cão, ela faz um diagnóstico. A reclamação mais comum, segundo Hannelore, é quando ele morde. E a explicação para tal reação não é muito diferente do que acontece com os próprios donos do cão: ciúmes, medo e ansiedade.
"A mordida pode ser interpretada como ciúmes ou comportamento de agressão por dominância, por exemplo", diz a psicóloga.
Segundo ela, o período de sete semanas a cinco meses de idade é o mais sensível a impressões sociais, quando os traumas se formam mais facilmente.
Depois de seis a oito semanas de tratamento, em média, já é possível observar resultados.
As sessões ocorrem uma vez por semana, durante uma hora e meia cada, sempre com uma semana de intervalo para que o dono coloque em prática o que aprendeu. Além da terapia, Hannelore utiliza homeopatia, acupuntura e florais brasileiros para tratar dos cães.
Para garantir o equilíbrio emocional, a psicóloga, que também é veterinária e atua na área de comportamento animal há 11 anos, recomenda uma educação adequada.
"Tem que educar desde o dia em que ele chega em casa", diz ela. "O cachorro entende o que você fala pelo tom de voz e pelos atos que você associou a cada palavra. Todo mundo tem a voz de acariciar e a de punir", explica.
Assim, cabe ao dono reforçar o que o cachorro faz de certo. Quando faz algo errado, melhor que punir é interrompê-lo com um comando positivo. No lugar de "não pule" diga "pé no chão", por exemplo.
Isso, no entanto, não significa adestrar o cão. Adestrar é criar obediência por meio de treino, o que só serve para cachorros policiais ou aqueles que participam de concursos. Já educar é ter controle sobre o bicho nas mais diversas situações. Saber esperar, andar na rua e latir só quando necessário são modelos de boa convivência. "O amor é o ingrediente que ele mais precisa, amor com limites", diz Hannelore.
O tipo de personalidade dos cachorros também varia de acordo com a raça e o meio ambiente. Há os de linhagem mais agressiva, como o pastor, doberman, rottwailer e pitbull, e os mais alegres como os poodles e os dálmatas. O ruski é teimoso, o fox paulistinha é elétrico, o akita é mais sério e o vira-lata, resultado da mistura de raças, o "mais fascinante", segundo Hannelore.

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