São Paulo, quinta-feira, 2 de janeiro de 1997
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Deputados criticam secretário-geral do PT

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Aumentou a crise pestista deflagrada depois que foi revelado que o secretário-geral do partido, Cândido Vaccarezza, durante oito meses do ano passado, foi funcionário "fantasma" do gabinete da presidência da Câmara Municipal de São Paulo, à época exercida pelo malufista Brasil Vita (PPB).
Dois deputados federais pelo PT paulista, José Genoino e Arlindo Chinaglia, criticaram ontem a atitude de Vaccarezza.
"Um dirigente do partido nunca deveria ser comissionado em gabinete", afirmou Genoino. Para o deputado, caberia ao PT pagar o salário de Vaccarezza, que é médico concursado da prefeitura paulistana e foi comissionado no gabinete de Vita.
Genoino criticou também a tradição petista de destinar parte dos funcionários comissionados em gabinetes de seus parlamentares para trabalho fora do âmbito legislativo. "Sempre combati isso no partido", disse.
Comissionados
Na Câmara paulistana, por exemplo, cada vereador do PT cede dois ou três funcionários para o partido. Essas pessoas, pagas com dinheiro público, geralmente só aparecem na Câmara no final do mês para assinar o ponto.
Chinaglia disse que levou um "susto" quando soube que Vaccarezza estava comissionado no gabinete de Vita. O deputado exigiu explicações do secretário-geral da legenda e do vereador petista José Mentor, que negociou com Vita o abrigo para Vaccarezza.
"É preciso que o fato seja explicado para que o PT inteiro não tenha que responder por isso", disse o deputado. Chinaglia acha que a preliminar é esclarecer se a bancada petista de vereadores sabia do acordo com Vita.
Mentor, líder da bancada quando articulou o comissionamento de Vaccarezza no gabinete da presidência da Câmara, insistiu ontem que os vereadores petistas sabiam do acordo. Devanir Ribeiro, atual líder, reafirmou que a bancada desconhecia o assunto.
Chinaglia avalia que a atitude de Vaccarezza prejudica o partido em vários aspectos, a começar pelo fato de um dirigente ser comissionado em um gabinete malufista.
"Além disso, a opinião pública pode achar que pessoas importantes do PT têm uma proteção a que o cidadão comum não tem acesso", disse. Chinaglia referia-se à alegação de Vaccarezza de que não poderia trabalhar no Plano de Atendimento à Saúde (PAS), que é criticado pelo partido.
"Os outros funcionários da saúde que não aderiram ao PAS não tiveram essa chance", comparou.

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