São Paulo, quinta-feira, 2 de janeiro de 1997
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Empresários elogiam FHC, mas pedem ação

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Os dois anos do governo Fernando Henrique Cardoso foram positivos, dizem líderes empresariais. Eles cobram, porém, medidas urgentes contra a ineficiência da máquina governamental.
Para os empresários, FHC não é o único "culpado" pela lentidão das reformas administrativa, previdenciária e tributária. Acham, porém, que o Executivo deveria mostrar mais empenho na aprovação das reformas no Congresso.
Eles criticam também a volta do "imposto do cheque", a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras).
"Isso é um contra-senso, porque aumenta o custo Brasil", afirma Carlos Eduardo Moreira Ferreira, presidente da Fiesp.
Luiz Fernando Furlan, presidente do Conselho de Administração da Sadia, diz que, obviamente, o ponto mais positivo do governo FHC é a estabilização econômica.
Mas ataca o descompasso entre o discurso de FHC e a prática no que se refere ao ajuste fiscal e ao controle dos gastos governamentais.
"Não se nota uma melhoria de eficiência do governo que se compare com o setor privado, seja por falta de vontade política, concessões ao corporativismo ou entraves legais."
Lentidão
A lentidão das reformas incomoda os empresários. Para Luciano Responi, presidente da multinacional norte-americana Dow, esse é o único o ponto negativo dos dois anos de FHC. "Quando se está mal de saúde, a aspirina, às vezes, não é o bastante. É preciso doses maciças de antibióticos", diz.
Edson Vaz Musa, sócio da MGDK-Gestão Empresarial e ex-presidente da Rhodia, considera que o governo FHC é um sucesso, mas faz alguns reparos.
"As reformas estão lentas demais e a sobrevalorização cambial cria dificuldades para a indústria. O Real não pode ficar ancorado no câmbio e na taxa de juros alta."
Fraqueza
Ricardo Young, 1º coordenador geral do PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais) diz que o governo FHC está sendo benéfico para o país. Mas condena o atraso das reformas, o que revela "fraqueza tática" de FHC".
Hermann Wever, presidente da Siemens, cobra esforços para a redução do "custo Brasil".
"É preciso acelerar a desvalorização do real, o que poderia melhorar muito a competitividade dos nossos produtos no exterior, aumentando as nossas exportações e gerando, com isso, empregos no Brasil."

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