São Paulo, quinta-feira, 2 de janeiro de 1997
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Maluf sai com discurso de candidato

MAURO TAGLIAFERRI; RICARDO FELTRIN; VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Paulo Maluf se despediu ontem da Prefeitura de São Paulo no melhor estilo das campanhas políticas. Fez um discurso voltado a temas nacionais, criticou o governo federal indiretamente, disse estar disposto a dedicar sua experiência para o bem do país e deixou a cerimônia de mãos dadas, braços erguidos, com Celso Pitta.
Saíram ao som, muito alto, de "Canção da América" (Milton Nascimento e Fernando Brant), que diz: "... qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar...".
Em seu discurso, Maluf disse: "São Paulo e Brasil precisam de muito trabalho, obstinação, arrojo, destemor e compreensão para que os problemas sejam resolvidos. Saio tranquilo com o destino de São Paulo e disposto a dar o melhor da minha experiência e do que eu penso para ajudar a fazer deste país aquilo que ele já poderia ser".
Maluf usou frases como "o governo somos nós, os brasileiros, e não aqueles que ocupam momentaneamente cargos onde estão exatamente para zelar por aquilo que nos pertence."
O ex-prefeito evitou comentar assuntos políticos. Durante quatro minutos de seu discurso, Maluf disse que "o que foi feito em São Paulo nesses quatro anos pode ser feito em qualquer lugar do Brasil".
Maluf fez críticas indiretas ao governo federal e diretas aos banqueiros. Sobre o primeiro: "Sou a favor do Plano Real, mas não à custa de um desemprego como o que o país vem tendo", disse.
Sobre os banqueiros, ele foi mais incisivo. "Não concordo que o resultado do esforço que o Brasil vem fazendo para preservar o real seja usado para socorrer banqueiros que não souberam se portar com a honradez necessária."
Maluf ainda não revelou oficialmente se concorrerá à presidência ou ao governo de São Paulo. Mas, a assessores, tem dito: "Governador eu já fui".
A transmissão do cargo a Pitta aconteceu no pátio do Palácio das Indústrias, sede do Executivo. Acompanharam a cerimônia cerca de mil pessoas, entre convidados e caravanas de eleitores de Pitta, segundo a assessoria do prefeito.
Os convidados, especialmente familiares de Maluf e Pitta, tiveram assentos reservados no palanque e, no nível do chão, ainda em cadeiras, ficaram os representantes de consulados e outros convidados. Os eleitores e caravanas permaneceram de pé, separados da área vip por grades e guardas.
Durante a apresentação do primeiro escalão, o secretário dos Esportes, o ala-pivô Oscar Schmidt, foi o mais aplaudido.
Na primeira fila, estavam deputados federais como Roberto Campos (PPB-RJ) e Wagner Salustiano (PPB), representante da Igreja Universal do Reino de Deus. Ao lado de Pitta estava o cardeal arcebispo de São Paulo, d. Paulo Evaristo Arns.
(MAURO TAGLIAFERRI, RICARDO FELTRIN e VICTOR AGOSTINHO)

LEIA MAIS sobre a posse dos prefeitos da pág. 2 à 4

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