São Paulo, quinta-feira, 2 de janeiro de 1997
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PIB deve crescer em torno de 3,8% no ano

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A economia do país irá crescer de forma moderada em 97, com taxa de expansão do PIB (soma dos serviços e produtos) em torno de 3,8% no ano. É o que prevêem os entrevistados pela Folha.
Os mais otimistas apostam em um ritmo de crescimento de até 4,5%, contra uma taxa esperada de 2,7% a 2,9% em 96. É o caso de Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, de Fernão Bracher, presidente do BBA Creditanstalt e de Fernando Gentil, presidente do holandês ING Bank no Brasil.
Os mais pessimistas, como o ex-ministros Delfim Netto e Mailson da Nóbrega, ficam com 3% a 3,5%. Concorda com eles o economista Paul Singer, professor da Universidade de São Paulo.
À exceção de Singer e de José Baia Sobrinho, presidente do Banco Pontual, a maioria acha que não haverá sustos ou necessidade de freios no consumo.
Nem mesmo com a prevista deterioração da balança comercial, com as importações crescendo e superando as exportações.
"As taxas de crescimento esperadas são modestas em relação ao potencial do país. Não existe necessidade de medidas restritivas", diz Szajman.
Pela média simples das repostas, o déficit na balança comercial deverá ficar em US$ 6,5 bilhões em 97, contra US$ 5 bilhões em 96 e US$ 3,1 bilhões em 95.
"Se o governo não fizer nada, o déficit comercial pode ficar entre US$ 8 bilhões e US$ 9 bilhões", alardeia Delfim Netto, notório opositor da política de valorização do câmbio imposta pelo "guardião do real", o diretor do Banco Central Gustavo Franco.
O temor dos analistas é que esse déficit -vilão da economia no final de 96, quando alcançou US$ 1,3 bilhão em outubro- possa ameaçar o futuro do Plano Real.
Ninguém se esquece de que a última grande crise econômica do México, iniciada no final de 94, começou de maneira semelhante: o país precisava cada vez mais de dinheiro externo para financiar o buraco na balança comercial. O dinheiro esperto entrou, ganhou com os juros e deu no pé, quebrando o país.
O risco do "efeito tequilla" parece distante, a julgar pelas expectativas colhidas pela enquete.
O volume de investimentos externos diretos (para a produção) em 97 deverá passar de US$ 10 bilhões, prevêem os executivos, financiando com folga o déficit da balança comercial, como alega o governo quando tenta tranquilizar o mercado financeiro.
Se a privatização avançar -e a maioria aposta que o controle da Vale do Rio Doce passará para a iniciativa privada ainda em 97, por US$ 5 bilhões, no mínimo-, esses investimentos de fora serão ainda maiores.

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