São Paulo, quinta-feira, 2 de janeiro de 1997
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AMÉRICA LATINA NAS URNAS

O "efeito tequila" marcou o ano de 1994, e 1995 foi sobretudo o ano do rescaldo e dos ajustes recessivos. Em 1996, a Argentina e o México, mas também o Brasil, finalmente puderam desfrutar de uma retomada do crescimento econômico.
Em 1997, as três principais economias da América Latina estarão sujeitas a importantes processos políticos. Há inclusive os que acreditam que pode tratar-se de um ponto de inflexão na história da região.
Na Argentina haverá eleições legislativas em outubro. Em julho, o governo da Cidade do México passará por uma eleição inédita. Também haverá eleições legislativas em outros seis Estados mexicanos. Nos dois países os pactos políticos dominantes passam pelas mais sérias crises desde que suas economias enveredaram pelo caminho das reformas econômicas e institucionais.
No Brasil, estará em jogo o direito de reeleição do atual presidente. Embora aqui não se vislumbrem dificuldades políticas como as que já estão em curso no México e na Argentina, toda a negociação em torno da emenda tem sido difícil e arrastada. A realização de um plebiscito para decidir sobre o tema colaboraria decisivamente para o andamento desse processo, criando um salutar e transparente debate nacional.
A crise do PRI (Partido Revolucionário Institucional), do México, avança a cada dia, com defecções e a formação de uma frente oposicionista. Na Argentina, o ex-ministro Cavallo transformou-se no pivô de um violento debate sobre corrupção no núcleo do Executivo, e o presidente Menem perdeu popularidade.
No passado, tais conjunções de incertezas políticas na América Latina levaram a posições ultracautelosas entre os investidores, sobretudo dos investidores estrangeiros. Apesar dos sucessos econômicos desta década e da recuperação em curso desde o "efeito tequila", as urnas fornecerão, em 1997, uma resposta mais convincente às angústias dos investidores na região.

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