São Paulo, segunda-feira, 6 de janeiro de 1997 |
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Oposição já admite uso da força no Peru IGOR GIELOW* IGOR GIELOW
Um grupo de deputados de oposição no Peru enviou carta ao presidente Alberto Fujimori na qual pedem que prevaleça "o interesse nacional" na negociação com os rebeldes do MRTA (Movimento Revolucionário Tupac Amaru). Desde 17 de dezembro, cerca de 15 guerrilheiros mantém reféns participantes de uma festa na casa do embaixador do Japão em Lima. Ainda há 74 pessoas presas. Na prática, além de respaldar a decisão unânime do Congresso de apoiar Fujimori, a carta dá o primeiro sinal de apoio ao eventual uso da força. Cinco lideranças partidárias assinam o documento. "Temos que esgotar todas as saídas possíveis para resgatar os reféns sãos e salvos. Mas se essa esperança for frustrada e o preço a pagar for o andamento da legalidade e segurança no Peru, então deverá prevalecer o interesse nacional", diz o texto. Uma das autoras do texto, Lourdes Flores Nano (PPC), afirmou que não está sendo pedida uma intervenção armada. "Mas se os subversivos usarem métodos violentos, não há saída senão o uso da força", afirmou. Já o partido Cambio-90, do presidente Fujimori, preferiu não comentar a carta. Segundo o parlamentar Carlos Ferrero Costa, a bancada do partido dá apoio a qualquer ação do governo. Reeleição Com a crise, a decisão sobre a possibilidade de Fujimori poder se candidatar pela terceira vez ao cargo, em 2000, foi adiada. O Tribunal Constitucional peruano, corte suprema do país, deveria ter anunciado sua sentença sobre o caso na última sexta-feira. Não o fez e divulgou nota afirmando que deliberações sobre o caso poderiam causar "confusão no estado político do país". A decisão sai após a crise dos reféns. Conexão Uruguai Segundo autoridades peruanas de combate ao terrorismo citadas pelo jornal limenho "Expreso", o MRTA mantém contatos com rebeldes estrangeiros que entraram no Peru vindos do Uruguai para entregar dinheiro à direção do grupo a fim de financiar o ataque à casa do embaixador japonês. O dinheiro escondido pelo MRTA em bancos uruguaios seria produto do sequestro do ex-ministro do Planejamento da Bolívia, Samuel Doria Medina, em dezembro de 1995. Papa O papa João Paulo 2º pediu ontem, durante sermão dominical no Vaticano, para que "todos os sequestradores do mundo soltem seus reféns", como "ato de humanidade". A mensagem foi claramente para o MRTA, embora o grupo não tenha sido citado nominalmente. Com agências internacionais Próximo Texto: Bolívia nega que vá liberar presos Índice |
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